A ferramenta norte-americana ChatGPT, lançada em novembro de 2022 e capaz de elaborar, em segundos, respostas detalhadas sobre uma vasta gama de assuntos, está a ser observada com interesse na China.
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A China quer que as ferramentas de inteligência artificial reflitam "valores socialistas fundamentais", segundo um projeto de regulamento divulgado hoje, no meio de um frenesim dos operadores chineses para conceber aplicações do tipo ChatGPT.
A ferramenta norte-americana ChatGPT, lançada em novembro de 2022 e capaz de elaborar, em segundos, respostas detalhadas sobre uma vasta gama de assuntos, está a ser observada com interesse na China.
A interface não está disponível no país, mas o ChatGPT é objeto de inúmeros artigos e discussões nas redes sociais, e os gigantes tecnológicos locais estão a competir para conceber ferramentas equivalentes na China.
O motor de busca Baidu foi um dos primeiros grupos chineses a posicionar-se neste nicho, a que se juntou o campeão da Internet e dos jogos de vídeo Tencent e o pioneiro do comércio eletrónico Alibaba.
No meio da euforia que rodeia a chamada inteligência artificial generativa, a China quer regular esta tecnologia.
Antes de serem disponibilizados, os produtos que utilizam inteligência artificial generativa terão de "procurar uma inspeção de segurança", segundo o projeto de regulamento da Administração do Ciberespaço da China, citado pela agência francesa AFP.
O regulador, que está a submeter o texto para comentários públicos antes de ser adotado, não especifica quando é que o regulamento entrará em vigor.
O conteúdo gerado pela inteligência artificial deve "refletir valores socialistas fundamentais e não deve conter [elementos relativos] à subversão do poder do Estado", lê-se no projeto de regulamento.
O projeto visa assegurar "o desenvolvimento saudável e a implementação 'standard' da tecnologia de inteligência artificial generativa", de acordo com o regulador da Internet na China.
A China pretende tornar-se o líder mundial em inteligência artificial até 2030, o que deverá revolucionar uma série de setores, incluindo as indústrias automóvel e médica.
O motor de busca Baidu foi o primeiro no país a anunciar que estava a trabalhar num equivalente local ao ChatGPT.
Apresentado à imprensa em março, Ernie Bot, que opera em mandarim e se dirige exclusivamente ao mercado chinês, está atualmente apenas disponível em versão beta.
O gigante retalhista 'online' Alibaba revelou hoje a sua versão, o "Tongyi Qianwen" (máquina que sabe tudo).
Na corrida pela inteligência artificial, o principal desafio para os programadores chineses é o de encontrar um robô de conversação que tenha um bom desempenho, mas que não se afaste do rigoroso quadro de conteúdo permitido.
A China acompanha de perto a Internet e os meios de comunicação no país, segundo a AFP.
Todos os dias, um exército de censores elimina conteúdos que apresentam a política do Estado de uma forma negativa ou que são suscetíveis de criar agitação.
As redes sociais estão também sujeitas a um controlo mais apertado.
A China, que está na vanguarda da regulamentação de novas tecnologias, já no ano passado tinha pedido aos gigantes da Internet que revelassem os seus algoritmos.
No coração da economia digital, os algoritmos servem de cérebro por detrás de muitas aplicações e serviços na Internet e são geralmente um segredo bem guardado.