Há quase 10 anos que a China é o maior parceiro comercial do continente africano. Espera-se que Pequim anuncie fundos que chegam aos 54 mil milhões de euros.
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O Presidente chinês, Xi Jinping, deverá propor hoje novas ideias para fortalecer as relações com o continente africano, acompanhadas de investimentos de milhares de milhões de dólares, no arranque do terceiro Fórum de Cooperação China-África (FOCAC).
O fórum junta em Pequim, entre segunda e terça-feira, dezenas de chefes de Estado e de Governo do continente africano, entre os quais os Presidentes de Angola e de Moçambique, João Lourenço e Filipe Nyusi, respetivamente.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também participará.
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No discurso de abertura do FOCAC, o Presidente chinês, Xi Jinping, deverá propor novas ideias para fortalecer as relações com África e anunciar novas medidas para uma cooperação pragmática, de acordo com informação transmitida nos últimos dias por Pequim.
Só Angola está a negociar com Pequim uma nova linha de financiamento de mais de 11.000 milhões de euros.
A sétima edição da cimeira contará com três novos países: São Tomé e Príncipe, Burkina Faso e a Gâmbia, que elevam assim para 53 o número de nações africanas com relações com a China e que deverão participar no certame.
Eswatini, antigo Reino da Suazilândia, é o único país sem ligações oficiais à República Popular da China, por reconhecer Taiwan.
Desde 2000 que diversos países africanos, como o Chade e o Senegal, que recebiam ajudas de Taiwan, romperam as suas relações com a ilha para beneficiar da cooperação chinesa.
À margem do fórum deverão decorrer encontros bilaterais para o estreitamento de relações entre as duas partes.
A relação entre os dois blocos, China e África, apresenta já alguma solidez, com dados divulgados no dia 29 de agosto a apontarem que a China foi durante o primeiro semestre de 2018 o maior parceiro comercial de África, pelo nono ano consecutivo.
Entre janeiro e junho de 2018, o comércio bilateral aumentou 16%, em termos homólogos, para 98.800 milhões de dólares (84.600 milhões de euros).
Desde 2015, a média anual do investimento direto da China no continente fixou-se em 3.000 milhões dólares (2.500 milhões de euros), com destaque para novos setores como indústria, finanças, turismo e aviação.
Dados oficiais divulgados na quarta-feira apontam que a cooperação com Pequim leve ao continente africano 30.000 quilómetros de autoestradas, uma capacidade anual portuária de 85 milhões de toneladas e uma capacidade de produção elétrica de 20.000 megawatts.
Pequim também investiu no setor bélico, tendo criado no Djibouti a sua primeira base militar fora de território chinês.
O primeiro Fórum de Cooperação China-África aconteceu em Pequim, em 2006, e a segunda edição decorreu na África do Sul, em 2015.