A arquitetura da Cidade Velha de Sanaa é única. Alguns edifícios são considerados os primeiros arranha-céus do mundo.
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As chuvas fortes que têm atingido a capital do Iémen, Sana, destruíram nos últimos dias 10 edifícios históricos na Cidade Velha, Património Mundial da UNESCO, disseram esta quinta-feira os rebeldes Huthis.
Pelo menos 80 outros prédios foram fortemente danificados pelas chuvas e precisam de reparação urgente, indicaram os houthis, que controlam Sanaa desde o início da guerra civil no Iémen há mais de oito anos.
Acredita-se que a Cidade Velha de Sanaa tenha sido habitada durante mais de dois mil anos.
A arquitetura da cidade é única, com fundações, os primeiros andares construídos em pedra e os subsequentes em tijolo -- alguns edifícios são considerados os primeiros arranha-céus do mundo.
Os prédios têm fachadas de tijolos vermelhos adornados com moldes de gesso branco com padrões ornamentados, que fazem lembrar casas de gengibre -- um estilo que passou a simbolizar a capital do Iémen. Muitas das habitações ainda são casas particulares e algumas têm mais de 500 anos.
Num comunicado, o ministro da Cultura do Governo Huthi, Abdullah Al-Kabsi, disse que os rebeldes estão a trabalhar com organizações internacionais a procurar ajuda para lidar com a destruição. Não houve relatos imediatos de mortos ou feridos na sequência dos colapsos.
As casas resistiram a séculos, mas as chuvas intensas desta temporada foram catastróficas para as estruturas icónicas. Tijolos e vigas de madeira formam agora enormes pilhas de escombros entre estruturas que ainda se mantêm de pé.
As chuvas não dão sinais de abrandamento.
Abdullah Al-Kabsi insistiu que a UNESCO tem alguma responsabilidade pelos esforços de resgate e restauração, dada a história da zona.
"Anos de negligência sob o governo anterior cobraram o seu preço", acrescentou.
O conflito também contribuiu para a morte da cidade de Sana.
A guerra civil do Iémen eclodiu em 2014, quando os Huthis, apoiados pelo Irão, desceram do seu enclave para o norte e tomaram Sana, forçando o governo internacionalmente reconhecido a fugir para o sul e depois pedir exílio à Arábia Saudita.
Uma coligação liderada pelos sauditas -- apoiada pelos Estados Unidos -- entrou na guerra no início de 2015 para tentar restaurar o governo ao poder. Desde então, o conflito transformou-se numa guerra por procuração entre os inimigos regionais Arábia Saudita e Irão e gerou uma das piores crises humanitárias do mundo.
Alguns analistas dizem que os ataques aéreos em Sana pela coligação liderada pela Arábia Saudita também terão abalado os edifícios históricos e danificaram as suas fundações.
Mas, de acordo com Mohamed Al-Hakeemi, que dirige a organização local The Green Dream, a falta de manutenção é o maior problema.
Uma iniciativa ocorrida em 2021 consertou centenas de casas e reconstruiu uma dúzia -- a primeira manutenção séria desde o início da guerra.