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Cidade de Novo Acordo, nos confins do Brasil, ganha espaço no noticiário por caso de corrupção, tiros e traições.
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Elson Aguiar, conhecido como "dotozim", um jeito carinhoso de dizer "doutorzinho", é o prefeito da pequenina Novo Acordo, cidade do Tocantins, o mais jovem dos estados brasileiros, emancipado em 1988 do vizinho Goiás.
E Leto Leitão é o vice-prefeito.
Juntos, Dotozim e Leitão fazem o trabalho habitual de líderes municipais brasileiros: cuidam dos hospitais e das escolas, pagam os salários dos funcionários públicos, tapam os buracos das estradas e... desviam dinheiro em esquemas locais de corrupção.
Infelizmente, nada disso faria de Novo Acordo notícia nacional não fosse Dotozim ter sido alvejado com três tiros, um deles na cabeça, nos últimos dias, quando repousava em casa.
O delegado da cidade investigou, prendeu o autor dos disparos, que denunciou o intermediário que lhe pagou, que denunciou... o vice-prefeito Leitão.
E porque Leitão queria ver Dotozim morto? Para ficar com a parte dele do bolo do esquema de corrupção. Para isso pagou o equivalente a 2500 euros ao jagunço.
Mas como, por milagre, o serviço não chegou ao fim - Dotozim sobreviveu e está fora de perigo num hospital de Palmas, a capital do Tocantins - nos dias seguintes ofereceu o dobro para que o matador concluísse o trabalho.
Foi nessa altura que a polícia o apanhou, colocando Novo Acordo, pela primeira vez na história, no mapa do Brasil.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras no site da TSF a crónica Acontece no Brasil.