Cimeira de Copenhaga: "Europa vive o pior momento desde a Segunda Guerra Mundial"
Mette Frederiksen fala num padrão de ataques e apela a uma abordagem europeia, para enfrentar uma ameaça sem precedentes em oito décadas
Corpo do artigo
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, afirmou esta quarta-feira que a Europa atravessa o período mais crítico desde a Segunda Guerra Mundial e apelou à unidade dos 27 Estados-membros da União Europeia, perante o que considera ser uma ameaça russa contra todo o continente.
“Quando olho para a Europa hoje, penso que estamos na situação mais difícil e perigosa desde o fim da Segunda Guerra Mundial — já não é a Guerra Fria”, declarou a chefe do Governo dinamarquês, à entrada para a cimeira informal de líderes da União Europeia, que decorre em Copenhaga sob fortes medidas de segurança.
O espaço aéreo na capital dinamarquesa foi encerrado a todos os drones civis, depois de sucessivos incidentes registados em infraestruturas militares e civis nas últimas semanas. Copenhaga mobilizou as forças policiais e militares suplementares, com apoio de parceiros da NATO.
Uma equipa francesa foi deslocada para Copenhaga, com sistemas anti-drone para apoiar a Dinamarca, numa operação de vigilância reforçada com a fragata alemã, FGS Hamburg, que já atracou no porto da capital. A Suécia está também a dar apoio.
Mette Frederiksen defendeu que os 27 Governos da União devem reconhecer a ameaça russa como um problema comum, frisando que “um dia é a Polónia, no outro é a Dinamarca e, na semana seguinte, será provavelmente noutro lugar que veremos sabotagem, drones a sobrevoar ou muitos outros episódios”.
Para a primeira-ministra dinamarquesa, os europeus enfrentam um padrão claro de ataques e consideram que só há um Estado capaz de os levar a cabo. “Há apenas um país disposto a ameaçar-nos, e esse país é a Rússia. Por isso, precisamos de uma resposta muito forte”, sublinhou.
A líder dinamarquesa acrescentou que os ataques híbridos contra Estados-membros já não podem ser encarados como acontecimentos isolados: “Temos de fazer mais, mas também temos de ser francos: esta guerra híbrida é sobre ameaçar-nos e praticar todo o tipo de crimes e atividades a toda a hora”, afirmou.
Para a Alta Representante para a Política Externa da União Europeia, Kaja Kallas, os incidentes que se multiplicam no espaço europeu configuram “terrorismo patrocinado por Estados” e, por isso, “é necessário ser muito firme na resposta”. Sem nomear explicitamente Moscovo, sublinhou tratar-se de um padrão claro de ataques e de uma estratégia que ultrapassa a definição de ameaças híbridas.
A reunião em Copenhaga acontece num momento de tensão com a Rússia, depois de novas violações do espaço aéreo da Polónia e da Roménia e sucessivas observações de drones não identificados sobre território dinamarquês.
À entrada para a cimeira, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, recordou na carta-convite enviada aos líderes que os últimos incidentes são “um claro lembrete de que devemos acelerar e aprofundar os nossos esforços”. Costa defende que a União deve estar preparada para responder de forma credível a ameaças externas até 2030.