Na componente económica, o Conselho Europeu discute a necessidade de um mercado interno “mais eficiente e menos burocrático”
Corpo do artigo
Os chefes de Estado ou de Governo reúnem-se, esta quarta-feira, em Bruxelas, numa cimeira que tem como tema central a competitividade da União Europeia. Mas as discussões vão ser, uma vez mais, marcadas pelo apoio à Ucrânia.
O encontro conta com a participação do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, por videoconferência, que aproveitará o momento para informar os líderes europeus dos mais recentes contactos diplomáticos, em particular a conversa com o Presidente dos EUA, Donald Trump.
Na véspera da cimeira, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, anunciou um contacto telefónico com Volodymyr Zelensky para preparar a reunião de desta quinta-feira. Numa breve nota pública, Costa saudou a “conversa positiva com o Presidente Zelensky”.
“Fico encorajado pela sua chamada telefónica substancial com o Presidente Donald Trump”, afirmou ainda António Costa, considerando que “suspender os ataques contra infraestruturas energéticas e outras infraestruturas civis seria um primeiro passo importante e concreto para acabar com a guerra”.
O esboço das conclusões da cimeira, consultado pela TSF, reafirma "o apoio inabalável" à Ucrânia, incluindo ajudas financeiras e militares. O documento também apela a um cessar-fogo sustentável e a solução negociada. O texto condena a continuação da agressão russa e apelando à adoção de novas sanções.
A Hungria deverá, uma vez mais, opor-se a algumas das medidas relativas à Ucrânia. Espera-se a aprovação de um texto adicional, assinado por 26 Estados-membros, deixando a Hungria isolada no compromisso europeu de apoio a Kiev. Uma fonte diplomática europeia, ouvida pela TSF, comentou que este padrão de dissidência húngara tem levado a UE a desenvolver mecanismos alternativos para garantir que as iniciativas avançam sem bloqueios.
"O que vemos aqui é que a Hungria tenta condicionar o avanço da Ucrânia na UE com argumentos que não são sustentados”, afirmou uma fonte europeia, ouvida pela TSF, destacando o exemplo habitualmente abordado pela Hungria, sobre a proteção da minoria húngara, residente na Ucrânia.
“A Comissão e o Conselho já confirmaram que a Ucrânia cumpre as regras sobre proteção de minorias”, referiu a mesma fonte, desabafando que “esta estratégia de bloqueio sistemático já cansa e a tendência é cada vez mais para que a Hungria fique de fora quando não quer acompanhar as decisões dos outros 26".
A cimeira também irá debater a situação no Médio Oriente, com a UE a condenar a quebra do cessar-fogo em Gaza e a exigir um regresso ao acordo de libertação de reféns e de cessar-fogo.
A cimeira também irá debater a situação no Médio Oriente, com a UE a condenar a quebra do cessar-fogo em Gaza. No esboço das conclusões, há apelo à libertação de reféns e ao fim das hostilidades. O texto reafirma o compromisso com a solução de dois Estados como forma de resolução do conflito israelo-palestiniano.
Competitividade
Na componente económica, o Conselho Europeu discute a necessidade de um mercado interno “mais eficiente e menos burocrático”, devendo apoiar a redução de encargos administrativos em pelo menos 25%, com o enfoque nas pequenas e médias empresas.
Na carta convite que enviou aos 27, António Costa salientou que o reforço da competitividade “exige também avanços noutras áreas”, dando como exemplos “a melhoria do Mercado Único, a promoção do talento e das competências, e o desenvolvimento da nossa política industrial”.
Costa colocará na agenda um ponto em que “serão abordados especificamente os Planos de Ação para os setores automóvel, do aço e dos metais”.
De acordo com uma fonte europeia, Portugal deverá alertar para importância do setor energético, destacando o contributo das interligações elétricas e gasíferas da Península Ibérica à rede europeia, como forma de garantir maior segurança.
Dinheiro europeu
A reunião prolonga-se até ao final do dia, com uma discussão sobre as perspetivas financeiras de longo prazo, que irá decorrer à mesa de um jantar de trabalho. O debate centrar-se-á nas formas de financiamento do próximo Quadro Financeiro Plurianual e à estratégia para o apoio financeiro à Ucrânia nos próximos anos.