Cimeira na Suíça vai contribuir para "paz duradoura" na Ucrânia, mas Rangel admite que ausências não permitem sonhar com fim breve da guerra
Em entrevista à TSF, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros adianta que "não está fora de questão" um reforço do apoio financeiro a Kiev
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É uma cimeira que quer ajudar a encontrar um caminho para a paz na Ucrânia, mas fora do encontro, que acontece este fim de semana na Suíça, estão a Rússia, que não foi convidada, e o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que deverá participar numa ação de recolha de fundos para a campanha das presidenciais de novembro.
Estas ausências, apontadas por alguns analistas como sendo de "peso", deverão influenciar o trabalho dos cerca de 90 países que já confirmaram presença nesta conferência. O chefe da diplomacia portuguesa reconhece que, perante este facto, os resultados serão limitados - "obviamente não permitem que se avance com o fim das hostilidades e dos atos de guerra"-, mas há outros pontos positivos que merecem destaque do governante.
Entrevistado pela TSF, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros afirma que não estamos perante uma conferência que "vá estabelecer um acordo de paz, mas essencialmente que vai estabelecer as condições com que a comunidade internacional concorda para ter uma paz duradoura no futuro. É preparatória disso". Paulo Rangel aponta este encontro de líderes mundiais como uma forma de pressão, "no sentido de evitar um conjunto de consequências, por exemplo, a nível nuclear ou ecológico, mantendo o abastecimento mundial de cereais, que diminuam os danos que são enormes junto dos ucranianos".
Mudanças em Bruxelas "não vão mudar apoio à Ucrânia"
Portugal vai estar representado não só pelo número dois do Governo, mas também pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Quando o Presidente ucraniano visitou Portugal, no final do passado mês de maio, o primeiro-ministro anunciou um reforço do apoio financeiro disponibilizado à Ucrânia. Já foram entregues no início do ano 100 milhões de euros. 26 milhões de euros deverão ser pagos em breve. Questionada sobre se Portugal admite aumentar ainda mais essa verba, o ministro refere que "esse cenário não está fora de questão", mas clarifica desde já que "uma decisão dessas não vai ser, julgo eu, decidida neste contexto". "No quadro da União Europeia e da NATO, o governo português está com certeza disponível para entrar nos vários programas de apoio. Neste quadro, não estamos a tratar tanto disso, mas mais de preparar a situação, as condições, os princípios, as regras para haver paz", reforça o governante.
No domingo, as eleições europeias ditaram mudanças na política em Bruxelas e no Parlamento Europeu. O chefe da diplomacia portuguesa não receia que o apoio dos 27 à Ucrânia possa sair fragilizado, e está confiante de que vai acontecer precisamente o contrário. "Eu diria que não vai mudar de maneira nenhuma o apoio à Ucrânia e que, essencialmente, se abrirmos rapidamente o processo de negociações e de adesão, vai começar a haver ainda um maior apoio à Ucrânia. E com Portugal sempre na linha da frente a defender, quer essa adesão, quer esse apoio", reitera Paulo Rangel.
A Cimeira de Alto Nível sobre a Paz na Ucrânia, incentivada por Kiev, realiza-se este fim de semana em Bürgenstock, na Suíça.
