Há cinco anos, no dia 13 de novembro de 2015, a capital francesa foi alvo de ataques terroristas sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial.
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Tiroteios em esplanadas e na sala de concertos do Bataclan foram acompanhados de bombas que explodiram na entrada do Estádio de França. Contabilizam-se 137 mortos, mais de 400 feridos e um trauma nacional.
David Fritz Goeppinger, refém na sala de espectáculos Bataclan, recorda "descer as escadas e ver duas mulheres que se abraçavam...". "Não quis perceber o que estava a acontecer, pensei que elas estavam a dormir, mas a realidade é que estavam a dormir de olhos abertos porque estavam mortas."
Seguiu-se para David uma imagem que o traumatizou: "Lembro-me de olhar à minha volta, ver uma pilha de cadáveres e desmaiar... é como um segundo trauma no meu trauma", momento em que percebeu "que tinha passado duas horas e meia refém de terroristas, que muitos morreram e que, naquele momento, podia andar e sair dali".
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Nos dias que seguiram os atentados, as ruas da capital francesa transformaram-se num espaço de luto coletivo, onde velas, flores e mensagens foram deixadas junto dos espaços visados pelos terroristas.
Os sociólogos Gérôme Truc e Sarah Gensburger, autores do livro "Os memoriais do 13 de Novembro", consideram que todos os objetos deixados nas ruas depois de atentados abrem portas a um espaço de luto coletivo, de memória, indignação e de dor.
Para Gérôme Truc, estes objetos exprimem "o envolvimento coletivo da sociedade depois de um atentado, porque as pessoas sentem a necessidade de reagir, enquanto habitantes da cidade, enquanto músicos, enquanto espectadores de concertos, enquanto pais". "Só podemos ter a noção do que se exprime nestes momentos quando visitamos os memoriais presentes nas ruas".
Os objetos deixados nas ruas começaram a ser coletados, pelo seu valor de arquivo. Desde os atentados de 2015, recolheram-se mais de 7000 objetos, em 33 línguas. O projeto de um museu dedicado às vítimas de ataques terroristas está a ser desenvolvido, a pedido do Presidente Emmanuel Macron.
Cinco anos depois dos atentados de Novembro de 2015, a França encontra-se hoje em alerta máximo de terrorismo, depois de o país ter sido confrontado, num espaço de um mês, com um ataque com arma branca que fez dois feridos perto dos antigos escritórios do jornal Charlie Hebdo, a decapitação de um professor por ter mostrado aos alunos caricaturas de Maomé e a um ataque na Basílica em Nice, que contabiliza três vítimas mortais.