
Artur Mas, candidato da CiU
Reuters
Artur Mas revalidou o mandato como presidente do Governo regional da Catalunha e o seu partido, a Convergência e União, foi o mais votado hoje, mas aquém das expectativas.
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Depois de uma intensa campanha eleitoral - marcada pelo debate sobre a independência da Catalunha e pelos apelos da Convergência e União (CiU) a uma «maioria absoluta excecional» para legitimar a convocatória de um referendo - os resultados são um castigo para Artur Mas.
O presidente da Generalitat (Governo regional) não só não governará sozinho - continuará a necessitar de pactos - mas acaba até mais enfraquecido, perdendo 12 mandatos dos 62 que detinha no parlamento anterior.
Observadores afirmam que Mas fracassou em toda a linha, sendo fortemente penalizado pela decisão de antecipar as eleições regionais quando apenas estava passada metade da legislatura.
O maior vencedor destas eleições é claramente a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), apoiante da consulta sobre a independência, e que mais que duplica a sua representação parlamentar, ganhando mais 10 deputados para um total de 20.
A sua voz será crucial no enunciado da eventual consulta popular aos catalães, que é apoiada igualmente pela Iniciativa Catalunha Verdes (ICV-EUiA) - força que também aumentou a sua representação de 10 para 13 deputados.
Como maior derrotado do sufrágio de hoje surge o Partido Socialista da Catalunha (PSC) - o voto de hoje soma-se assim às derrotas dos socialistas nas eleições gerais de 2011 e nas regionais deste ano na Galiza e País Basco - reabrindo, necessariamente, o debate em torno da liderança de Alfredo Pérez Rubalcaba.
O PSC perdeu oito dos 28 mandatos que detinha e caiu de segunda para terceira força no parlamento que estará, evidentemente, mais dividido.
Se a CiU e o PSC perderam mandatos-- há que somar o desaparecimento total da Solidaritat (perdeu os quatro deputados que detinham), todas as outras forças com representação parlamentar aumentam a sua representação.
É o caso do Partido Popular (PP) - que centrou a sua campanha nas críticas à tendência divisionista da CiU e à eventual consulta -- e que aumenta ligeiramente o seu apoio, obtendo mais um deputado para 19.
Entre os vencedores de hoje (e entre os opositores à consulta) conta-se também o Ciutadans que, proporcionalmente, registou o maior crescimento, triplicando a sua representação, de três para nove.
Na equação a favor da consulta há uma nova voz, a dos estreantes Candidatura de Unidade Popular (CUP), que conseguem três deputados no parlamento da 10ª legislatura.
Um complexo cenário que obrigará, nos próximos dias, a intensas negociações que ditarão quer o modelo para sair da grave crise económica da região, quer os passos seguintes que serão dados na agenda do independentismo catalão.