A onze dias da fim do prazo para que os deputados espanhóis escolham um presidente do Governo (findo o qual Espanha parte para novas eleições, a 26 de junho), Albert Rivera propôs um passo ao lado.
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O presidente do Ciudadanos, Albert Rivera, propôs um Governo em Espanha suportado pelo PP, os socialistas do PSOE e pelo seu próprio partido, mas liderado por um independente. Rivera apelou ao líder do PP e presidente do Governo em funções, Mariano Rajoy, e ao candidato socialista, Pedro Sánchez, para que "deem um passo para o lado", numa altura em que os deputados têm apenas onze dias para evitarem novas eleições.
"Se os líderes [do PP, PSOE e Ciudadanos] constituem o problema, demos um passo ao lado. Eu sou o primeiro", declarou Rivera, numa entrevista à cadeia de televisão espanhola Telecinco.
O PP de Rajoy (123 deputados) ganhou as eleições legislativas espanholas de 20 de dezembro, mas sem maioria absoluta, abrindo caminho a acordos dos outros partidos para formação de Governo. No entanto, o segundo classificado - o PSOE de Pedro Sánchez (90 deputados) - apenas conseguiu um acordo com o Ciudadanos (40 assentos), insuficiente para passar em duas votações na sessão de investidura do mês passado.
Os "populares" sublinham que qualquer Governo deve ser liderado pelo partido mais votado, enquanto o PSOE sustenta que quem ganhou em Espanha "foi a vontade de mudança", afirmando-se assim Pedro Sánchez como o candidato a presidir a um Governo com formações à esquerda e à direita, mas sem o PP.
Já o Ciudadanos, apesar do acordo com o PSOE, nunca pôs de lado negociar com o PP desde que houvesse uma mudança de liderança nos "populares", com a saída de Rajoy.
Por outro lado, Rivera sempre criticou Rajoy e Sánchez pelas "agendas pessoais", que impediram uma "grande coligação à alemã" com PP, PSOE e Ciudadanos, todos eles partidos que defendem a unidade de Espanha e uma reforma da constituição que não inclua a possibilidade de independências regionais.
Fora destas contas, mas essencial em qualquer votação, está o Podemos (69 deputados), que propôs ao PSOE um Governo de coligação à esquerda, incluindo membros do partido de Pablo Iglesias e da Izquierda Unida.
"Se os personalismos estão a bloquear, sejamos então capazes de falar de um Governo liderado por um independente", sublinhou Rivera.
As sondagens indicam que quase todos os partidos - à exceção do PP e dos comunistas da Izquierda Unida - descem nas intenções de voto em caso de novas eleições.