Os testes com a cloroquina estão a ser feitos na Bélgica.
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A Bélgica começou esta segunda-feira a testar um novo tratamento para a Covid-19 à base de cloroquina.
Os especialistas admitem em resultados promissores em "observações de laboratório e em testes em hospitais", depois de iniciarem a adaptação do tratamento da Covid-19 com um medicamento que ficou bem conhecido nos países, em que existe Malária, o hidróxido de cloroquina.
Uma das vantagens da utilização das moléculas de hidróxido de cloroquina prende-se o facto de estar amplamente testada para a Malária, sendo sua "toxicidade bem conhecida" dos especialistas, como o microbiologista do laboratório de referência da Universidade Católica de Lovaina, Emmanuel Andre, que hoje anunciou o tratamento.
"O hidróxido de cloroquina faz parte dos medicamentos que estão já disponíveis no mercado, do qual já conhecemos a toxicidade", afirmou o especialista que se tem destacada com as suas explicações, nas conferências de imprensa que as autoridades sanitárias realizam diariamente.
"Já pudemos verificar no laboratório, e depois em algumas observações nos hospitais, demonstrando que há actividade. Essa actividade ainda precisa de ser confirmada por estudos clínicos que já estão em curso", afirmou, referindo-se com alguma cautela na avaliação dos resultados, que hoje conduziram "à decisão na Bélgica de dar esse medicamento às pessoas que estão hospitalizadas".
"Acompanhamos a evolução da literatura científica e sabemos que o hidróxido de cloroquina, - como outras moléculas - poderão ser introduzidas no tratamento dos doentes. E, há muitíssima informação que se acumula a cada dia. Vamos tentar dar aos pacientes o melhor tratamento, em função da informação de que dispomos", disse o especialista.
"Na direcção certa"
A par do resultado do tratamento adaptado à Covid 19, as autoridades sanitárias da Belgica anunciaram 342 novos casos, constatando que nos últimos dias há uma "desaceleração" no aparecimento de novos infectados.
Emmanuel Andre acredita que se trata do possível resultado, das primeiras medidas de confinamento, que também deve ser avaliado com cautela. "Pela primeira vez, vemos uma evolução que vai na direcção certa. Mas ainda não temos base suficiente para afirmar que é uma tendência que vai consolidar-se", afirmou.
O microbiologista alerta para o impacto que a doença está a ter nas equipas médicas, e considera que o esforço de isolamento da população deve ser rigoroso, pois "se aliviarmos que fizemos estes últimos dias, sabemos que isso vai criar uma nova vaga, muito significativa".
"Depois, sabemos que as pessoas a trabalhar nos hospitais, - médicos e enfermeiras - foram particularmente expostos, por isso uma parte deles estão agora doentes. Por essa razão, é preciso manter os esforços", afirmou o especialista do laboratório de Lovaina.
As autoridades afirmam que o número de casos vai ainda aumentar ao longo dos próximos dias, admitindo que as 621 unidades de cuidados intensivos, que ainda estão de reserva possam rapidamente ser ocupadas, na próxima semana.
Tal como em Portugal, na Bélgica, os profissionais debatem-se com a falta de equipamentos de protecção. Há duas semanas o governo chegou mesmo a apresentar queixa na justiça, alegando ter sido burlado por um fornecedor que não entregou as máscaras encomendadas. E, neste fim de semana, recebeu um lote de 5 milhões de máscaras que não são adaptadas ao tratamento da Covid19.
Hoje, anunciaram 342 novos casos. Do total 3743, há 322 em estado grave, dependentes de terapia intensiva. 88 pessoas morreram até agora na Bélgica infectadas com o novo coronavírus.
Na semana passada, ao fim de um ano de negociações, os diferentes partidos políticos chegaram a um acordo, para a formação de um governo, face à situação de urgência perante o coronavírus.
A primeira medida anunciada pelo novo governo, composto por nove partidos habitualmente antagónicos, foi ditar "o confinamento estrito" do país, como medida de combate ao vírus.
São permitidas deslocações à farmácia e ao supermercado, e as deslocações para o trabalho estão limitadas ao estritamente necessário. Por outro lado são permitidas as saídas ao correio, bancos, postos de combustível e cabeleireiros".
O ministro belga da Administração Interna, Pieter de Crem confirmou que a polícia vai actuar em caso de violação das restrições.
"Demos ordens para [os agentes políciais] serem muito severos. Não é por prazer, mas porque é a única forma de termos verdadeiramente um remédio contra esse vírus", afirmou à imprensa belga, assumindo que na fase anterior a polícia já actuou no âmbito das medidas de controlo da pandemia, tendo já havido "detenções administrativas, e mesmo a utilização de gás lacrimogéneo, e de gás pimenta".
"Temos prevista a proibição de agrupamentos, à excepção das famílias. Vai haver multas. Haverá identificações, e multas e sanções administrativas", disse ontem, admitindo que as medidas em vigor, podem ser prolongadas além da data prevista de 05 de Abril. A ministra da Saúde, Maggie de Block já veio assumir que são precisas "oito semanas" para haver resultados.