Robert Mueller defende que Michael Flynn foi uma peça chave na investigação sobre as ligações entre a campanha de Trump e a Rússia. O antigo conselheiro colaborou com a Justiça desde o primeiro dia.
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O procurador especial enviou um parecer ao tribunal federal que no dia 18 vai decretar a sentença de Flynn. Robert Mueller explica que depois de se ter declarado culpado de mentir ao FBI, sobre contactos que manteve com o embaixador da Rússia nos Estados Unidos, o antigo elemento da equipa de Donald Trump se reuniu 19 vezes com a equipa de investigação. Durante essas conversas o que disse foi decisivo para ajudar a estabelecer o roteiro da investigação que ainda está a decorrer.
O procurador especial defende ainda que, apesar dos crimes praticados, Flynn tentou emendar o que fez e essa atitude terá incentivado outros antigos colaboradores de Trump a colaborarem com a justiça. A disponibilidade manifestada logo desde o inicio do processo ajudou os investigadores a perceberem o que realmente aconteceu na campanha presidencial.
O documento parece apontar para a existência de três investigações, realizadas pela equipa do procurador especial, mas as páginas que foram distribuídas à imprensa, e onde se explica o objetivo de dois desses inquéritos estão rasuradas. Também em relação à colaboração de Flynn só se sabe que foi sobre os contactos e ligações entre o governo russo e membros da equipa de Trump.
Michael Flynn está no centro do que se acredita ser uma investigação sobre se Trump obstruiu a justiça. Para além do Departamento de Justiça, também os serviços de informação o investigaram por causa dos contactos que manteve com russos, próximos do Kremlin, antes e durante o tempo em que esteve na administração Trump.
Ele foi um conselheiro muito próximo do atual Presidente durante toda a campanha, e ficou conhecido por, durante a Convenção Republicana, ter inventado a frase "Lock her Up" com que Hillary Clinton foi depois brindada até à exaustão.
Flynn foi conselheiro de segurança nacional durante cerca de um mês, no inicio da presidência. Foi demitido depois de a Procuradora-geral, Sally Yates, ter denunciado que ele mentiu ao vice-presidente Mike Pence dizendo não ter falado com o embaixador russo sobre as sanções americanas. Flynn também se deu como culpado de ter feito declarações falsas ao Departamento de Justiça sobre o seu trabalho de lobista da Turquia.
Foi também nessa altura que Donald Trump terá pedido ao então diretor do FBI, James Comey, para abandonar a investigação ao conselheiro.
De acordo com o relatório de Mueller, Flynn tem ajudado os investigadores há mais tempo e em mais investigações do Departamento de Justiça do que se pensava. Desde o ano passado, quando se declarou culpado, sempre houve dúvidas sobre o que o antigo conselheiro de segurança nacional tinha decidido fazer.
Por causa de toda a ajuda, Michael Flynn recebeu a recomendação mais branda feita, até agora, pelo Departamento de Justiça. Até agora, Mueller sempre disse aos juízes que a colaboração de outros acusados não tem sido importante. Três pessoas cumpriram ou estão a cumprir sentenças de prisão efetiva, condenadas pela investigação do procurador. Richard Pinedo, um vendedor de identidades falsas para a internet, está a cumprir 6 meses de pena mesmo depois de ter ajudado Mueller a detetar um esquema de propaganda russa nas redes sociais. George Papadopoulos, antigo conselheiro de politica externa da campanha de Trump, está a acabar de cumprir uma pena de 15 dias por ter mentido sobre os contactos que manteve com cidadãos estrangeiros. O antigo conselheiro, de 31 anos, praticamente não falou com a equipa de Mueller. O terceiro condenado é um advogado holandês, Alex Van der Zwaan, que esteve seis meses na prisão por ter mentido sobre os contactos que manteve depois de ter estado envolvido num projeto ucraniano. Também ele não disse nada de significativo à Justiça.
A semana passada, o antigo advogado de Donald Trump, Michael Cohen, declarou-se culpado de mentir ao Congresso sobre o trabalho que realizou para a construção de uma Trump Tower em Moscovo durante a campanha de 2016. A equipa de investigação acusou ainda o ex-presidente da campanha presidencial, Paul Manafort, de violar o acordo de cooperação ao mentir ao Conselho Especial.