Diretora executiva da Médicos do Mundo garante à TSF que a organização vai permanecer nas duas cidades, apesar de não conseguir utilizar unidades móveis.
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Por causa dos bombardeamentos, a Médicos do Mundo teve de retirar as unidades móveis que tem nas regiões de Donetsk e Lugansk. Há cerca de oito anos que a organização presta assistência humanitária no leste da Ucrânia. Agora teve de realocar a equipa, constituída por cerca de uma centena de médicos e enfermeiros.
Carla Paiva, a diretora executiva da Médicos do Mundo, garante, no entanto, que a organização vai continuar em Donetsk e Lugansk.
"Estamos em Donetsk e vamos manter a nossa localização e ajuda nestes territórios. Ainda é prematuro também percebemos, são poucas horas depois de termos iniciado a realocação das equipas. Os colegas estão bastante assustados e esta realocação massiva também acabou por desorganizar tudo. As novas notícias de bombardeamentos das infraestruturas civis acabaram por tornar a situação mais descontrolada, mas vamos manter-nos no terreno", explicou à TSF Carla Paiva.
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A diretora executiva da organização não-governamental vai analisar as novas necessidades que vão surgir depois dos ataques russos.
"Mais de 30% da população tem pessoas com mais de 60 anos, por isso é uma população muito vulnerável. O nosso trabalho era com unidades móveis e neste momento não podem circular, por isso tentamos reforçar os serviços de saúde, aqueles que não foram afetados. Essa é também a nossa preocupação. Ainda há muita apreensão, relatos de pessoas que se deparam com uma guerra, um conflito armado, em que têm de salvaguardar as suas vidas, mas como têm um trabalho humanitário estão muito preocupados com todas as pessoas que deixam de ter acesso aos cuidados de saúde", acrescentou a diretora executiva da Médicos do Mundo.
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A organização calcula que, antes da escalada militar, cerca de três milhões de pessoas estavam dependentes da ajuda humanitária na Ucrânia e outras 850 mil estavam deslocadas. A organização humanitária receia que estes números aumentem de forma dramática.
A Rússia lançou, na quinta-feira de madrugada, uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocou pelo menos meia centena de mortos, 10 dos quais civis, em território ucraniano, de acordo com Kiev.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo dos seus "resultados e relevância".
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O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da NATO, da UE e do Conselho de Segurança da ONU.
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