Depois de uma acalmia nas últimas semanas, a violência regressou a Paris este sábado de manhã, dia do 18.º sábado consecutivo de protestos dos coletes amarelos.
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Manifestantes do movimento "coletes amarelos" franceses entraram este sábado em confronto com a polícia de choque junto ao Arco do Triunfo, em Paris, no início do seu 18.º fim de semana de manifestações contra o presidente Emmanuel Macron.
Apesar de o número de manifestantes ter diminuído nos últimos fins de semana, os organizadores esperam que os seus mais recentes protestos possam dar nova vida ao movimento que decorre desde há quatro meses contra um presidente visto como favorecedor da classe de elite.
Os manifestantes lançaram bombas de fumo, petardos e outros objetos contra os agentes ao longo da avenida dos Campos Elísios - cenário de repetidos tumultos - e começaram a bater nas janelas de uma carrinha da polícia, enquanto outros ergueram barricadas.
O dispositivo da polícia de choque recuou, assim como um canhão de água, com os manifestantes a pontapear a lateral do grande camião.
Mais tarde, gás lacrimogéneo e o canhão de água foram usados pelas autoridades numa rua lateral para tentar afastar os manifestantes agrupados entre duas lojas.
Num bairro próximo, onde um outro grupo de protesto se reuniu, foi visto um veículo em chamas por um jornalista da AP.
Várias lojas de produtos de luxo na Avenida dos Campos Elísios foram também vandalizadas e pilhadas por pessoas que, segundo o ministro do Interior francês Christophe Castaner, se infiltraram na manifestação do movimento "coletes amarelos".
A agência AP relatou que foi ateado fogo no exterior de uma loja de sanduíches nos Campos Elísios e um veículo foi incendiado junto a estabelecimentos de luxo. Outras butiques de marcas de luxo foram vandalizadas e manequins atirados pelas montras partidas. Também um restaurante famoso, frequentado por celebridades e políticos, foi vandalizado.
A polícia de Paris disse à agência AFP que 44 pessoas foram detidas até ao meio-dia.
Preparando-se para um potencial aumento do número de manifestantes e de violência, a capital francesa distribuiu mais polícias do que nos fins de semana anteriores. A polícia fechou várias ruas e espalhou-se pela margem direita do rio Sena. O ministro do Interior, Christophe Castaner, autorizou a polícia a retaliar contra "atos inadmissíveis" e condenou os "profissionais do vandalismo e da desordem", aqueles que "apelam à violência e estão a espalhar o caos em Paris".
Grupos de "coletes amarelos" representando professores, desempregados e sindicatos estavam entre os que organizaram este sábado dezenas de manifestações e marchas na capital e por toda a França.
As ações marcam o fim de um debate nacional de dois meses que Macron organizou para responder às preocupações dos manifestantes.
Os manifestantes classificam o debate como vazio e consideram-no uma jogada de campanha de Macron a pensar nas eleições para o Parlamento Europeu, em maio.
Os "coletes amarelos" protestam contra os altos impostos e contra as políticas de Macron, que consideram estar a proteger as grandes empresas.
No seu apelo 'online' para os protestos de hoje, os organizadores afirmam pretender que o dia sirva como um "ultimato" ao "Governo e aos poderosos".
Cerca de 5.000 homens e seis veículos blindados das autoridades policiais estão mobilizados para a capital, onde também estão previstas várias outras manifestações, em particular uma "Marcha do Século" para o clima.
Demonstrações de "coletes amarelos" também estão previstas para a província de Bordeaux (sudoeste), para Lyon (centro-leste) e Montpellier (sul).