Colômbia pede reunião extraordinária da CELAC devido a conflito diplomático entre México e Equador
Em causa está a entrada de um grupo de agentes da polícia do Equador na sexta-feira na embaixada mexicana em Quito.
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A Colômbia solicitou este sábado formalmente às Honduras, que preside à Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), uma reunião extraordinária desta organização para abordar a eventual violação da Convenção de Viena por parte do Equador.
Em causa está a entrada de um grupo de agentes da polícia do Equador na sexta-feira na embaixada mexicana em Quito, onde se encontrava Jorge Glas, depois de o México ter concedido asilo político ao antigo vice-presidente equatoriano, tendo sido hoje transferido para a prisão de segurança máxima de La Roca, em Guayaquil.
Na sequência dessa operação policial, o Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, ordenou a suspensão das relações diplomáticas com o Equador.
"Dada a situação ocorrida na Embaixada do México em Quito, a Colômbia solicitou formalmente às Honduras, que tem a presidência `pro tempore´ da CELAC, que convocasse uma reunião extraordinária para tratar deste grave assunto relacionado com a violação da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas", informou o Ministério das Relações Externas colombiano.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, já afirmou que considera que houve uma violação da Convenção de Viena que rege as relações diplomáticas e também da "soberania do México no Equador".
E adiantou que a Colômbia intercederá perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para solicitar "medidas cautelares a favor de Jorge Glass, cujo direito de asilo foi barbaramente violado".
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciou o rompimento formal das relações diplomáticas com o Equador, considerando a invasão da embaixada em Quito uma violação da soberania nacional e do direito internacional.
Glas, que foi vice-presidente do Equador durante parte do mandato presidencial de Rafael Correa (2007-2017) e no início do mandato presidencial de Lenín Moreno (2017-2021), estava na Embaixada do México no Equador desde o final de dezembro de 2023. Um juiz ordenou, entretanto, a sua captura e entrada em prisão preventiva no início de 2024.
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, já manifestou solidariedade ao seu homólogo mexicano, Andrés Manuel López Obrador, numa mensagem publicada nas suas redes sociais, enquanto o Ministério das Relações Exteriores do Brasil condenou, "nos termos mais veementes", a "repreensível" operação realizada pela polícia equatoriana.
A medida do "Governo equatoriano constitui um grave precedente, que deve ser objeto de vigoroso repúdio, seja qual for a justificativa para sua implementação", segundo a nota do Itamaraty.
Também o Governo da Argentina manifestou a sua condenação à operação policial realizada na noite de sexta-feira na embaixada do México em Quito, enquanto o executivo do Chile expressou a "sua mais forte condenação" à invasão da embaixada.
Já o Governo do Uruguai lamentou "profundamente os acontecimentos ocorridos nas últimas horas no Equador que afetaram as relações entre duas nações irmãs, bem como o respeito pelas normas fundamentais do direito internacional e pela coexistência pacífica entre as nações latino-americanas".
Num comunicado, a Presidência do Equador defendeu a operação policial, acusou o México de dar asilo a Glas, "em violação ao quadro jurídico convencional", e alegou que "foram abusadas as imunidades e privilégios concedidos à missão diplomática" mexicana.