Fonte da defesa revelou à TSF que 17 ativistas, incluindo o músico angolano, vão ser julgados de 16 a 20 de novembro, em Luanda. Os advogados tentam demover Luaty Beirão da greve de fome porque o ativista tem de se preparar para o julgamento.
Corpo do artigo
Os advogados dos ativistas acusados de planearem atos de rebelião e um golpe de estado em Angola foram hoje notificados de que o julgamento vai decorrer no Tribunal Provincial de Luanda, de 16 a 20 de novembro.
Luaty Beirão está no 29º dia de greve de fome. Outro dos arguidos, Albano Bingobingo está também em greve de fome, cumprindo hoje o 11º dia.
Em declarações à Lusa, o advogado Luís Nascimento revelou que vai tentar convencer o músico e ativista a terminar a greve de fome.
O advogado argumenta que o julgamento pode dar "outro ânimo" a Luaty Beirão, numa altura em que ainda correm recursos no Tribunal Constitucional e no Supremo Tribunal, sobre o alegado excesso de prisão preventiva (além dos 90 dias previstos).
Luaty Beirão, de 33 anos, começou a greve de fome exigindo - como prevê a lei - aguardar julgamento em liberdade.
A reunião entre os advogados e Luaty Beirão, a realizar na clínica privada de Luanda onde o ativista se encontra, deverá ter lugar durante a manhã de terça-feira.
Segundo Luís Nascimento, apesar de "estável", o músico e ativista apresenta uma situação de saúde "débil", que pode ser prejudicial também à defesa em tribunal, tendo já perdido mais de 15 quilos nos últimos dias.
"Salve Luaty Beirão, senhor Presidente"
Esta segunda-feira, Pilar del Río, viúva de José Saramago e presidente da Fundação José Saramago, enviou uma carta ao Presidente de Angola pedindo-lhe que liberte o músico os outros detidos.
"Está nas suas mãos salvar esta vida e proteger os direitos de liberdade de opinião destes jovens e de todos os cidadãos de Angola", escreveu Pilar del Río, na carta citada pela agência Lusa.
A viúva do prémio Nobel da Literatura português sublinhou estar a acompanhar o caso "com preocupação e emoção", afirmando esperar "que prevaleçam os princípios do respeito pela justiça sobre todas as atitudes que desmerecem a democracia".
UE acompanha o caso
A situação de Luaty Beirão está a ser acompanhada pela União Europeia, que afirma estar a desenvolver "esforços constantes" junto das autoridades angolanas.
Um porta-voz da UE, disse à Lusa que a Europa "está empenhada em cooperar com Angola na promoção dos direitos, e regularmente aborda questões de direitos humanos com as autoridades".