Diretor-geral da Organização Mundial do Comércio reconhece que as comparações com a crise de 2008 ou com a Grande Depressão são "inevitáveis".
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A Organização Mundial do Comércio deixou esta quarta-feira um aviso: o comércio global pode cair mais de 30% por causa da pandemia do novo coronavírus.
O diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, não hesita em usar palavras duras para descrever o cenário que o mundo tem pela frente: "A Covid-19 destruiu a economia global, e com ela, o comércio internacional."
Os números também são duros, como explica Azevêdo. "Num cenário otimista, os nossos economistas preveem uma queda de 13% no comércio global."
E se este é o cenário otimista, o pessimista faz com que a percentagem suba para mais do dobro. "Se a pandemia não for controlada ou os governos não tiverem respostas eficazes, a descida pode ser de 32% ou mais", alerta o responsável que promoveu esta quarta-feira uma entrevista em grupo a partir de Genebra.
A crise ameaça ser especialmente severa na América do Norte e na Ásia, com as exportações a poderem cair mais de 40% e 36%, respetivamente. A América Latina e a Europa também podem sofrer quedas de mais de 30%.
O mundo vê-se a braços com uma "coronacrise" que pode ser tão má ou pior do que outras. "Estes números são feios, não há como negar", reconhece o diretor-geral da OMC.
"Comparações com a crise de 2008 e até com a Grande Depressão da década de 30 do século passado são inevitáveis", sublinha.
A OMC acredita que, se a pandemia for contida de forma rápida, o comércio global pode recuperar para níveis pré-Covid já no próximo ano, mas este - deixou o alerta - é um cenário otimista.