Para o comissário, a segunda volta opõe duas visões antagónicas "da França e da Europa" e constitui um referendo sobre a UE, já que a líder da Frente Nacional defende a saída do país do euro e da UE.
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O comissário europeu dos Assuntos Económicos, o francês Pierre Moscovici, lamentou a crise que atinge os partidos socialistas um pouco por toda a Europa e assumiu que vai votar em Emmanuel Macron na segunda volta das presidenciais francesas.
Num encontro esta segunda-feira com correspondentes em Bruxelas no dia seguinte à primeira volta das eleições presidenciais em França, que ditaram um "duelo" entre o liberal pró-europeu Macron (23,85%) e a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen (21,43%), Moscovici afirmou que chegou a hora de assumir publicamente uma posição.
Para o comissário, a segunda volta, em 7 de maio, opõe duas visões absolutamente antagónicas "da França e da Europa", constituindo praticamente um referendo sobre a UE, já que a líder da Frente Nacional defende a saída do país do euro e do bloco europeu.
"Estamos a falar de um país que é do G7 e que é um dos fundadores da União Europeia, e temos opções de tal forma distintas que é necessário assumir uma posição. Esta Comissão Europeia assume que é contra o populismo. Emmanuel Macron é o candidato de todos os democratas e pró-europeus. Dia 7 vou votar em Macron, pela Europa e contra a Frente Nacional", declarou aos jornalistas.
O comissário explicou deste modo que, na segunda volta, já não se justifica a reserva aplicada, tanto na primeira volta das presidenciais, como nas próprias eleições primárias do PS francês, ganhas por Benoît Hamon.
Para Moscovici, "há uma crise na social-democracia europeia, e isso não é bom para a Europa", pois a UE caminha melhor "com os dois pés" e precisa das duas grandes forças políticas, uma mais conservadora, de centro-direita, e outra mais progressista, de centro-esquerda, que funcionem como "contrapesos".
Com as atenções agora focadas na segunda volta, dentro de duas semanas, Moscovici manifestou-se absolutamente convicto de que "Macron será o próximo Presidente", mas sustentou que "é preciso fazer tudo para que Marine Le Pen tenha o resultado mais baixo possível", de preferência abaixo da fasquia dos 40%.
Afirmando-se contra todos os populismos, comentou que "o da extrema-direita é o pior, pois combina o antieuropeísmo com a rejeição dos valores democráticos que são a base da UE", razão pela qual é necessário não baixar a guarda nas próximas duas semanas, porque "esta eleição em França ainda não acabou e o resultado da segunda volta depende muito da mobilização".