O líder da Al-Qaeda foi morto faz esta segunda-feira cinco anos. Mas no Paquistão esta morte ainda tem efeitos no combate a uma doença que afeta sobretudo crianças.
Corpo do artigo
A última notícia que chegou ao Ocidente sobre poliomielite no Paquistão aconteceu há duas semanas: um grupo de sete polícias assassinados quando acompanhavam mais uma tentativa de combater a poliomielite no país. E em janeiro de 2015 outro ataque tinha morto 15 pessoas num posto de vacinação na capital da província do Baluschistão.
A poliomielite é uma doença infecciosa grave que afeta sobretudo crianças, sendo combatida por uma vacina que pode ser administrada em apenas algumas gotas. Os radicais islâmicos nunca gostaram destas campanhas de vacinação, mas os ataques aumentaram depois da morte de Bin Laden.
Depois da ação norte-americana foi revelado que a agência secreta CIA tinha enviado para a cidade onde se suspeitava estar o líder da Al-Qaeda uma equipa de vacinação para tentar detetar o ADN do homem que na altura era o mais procurado do mundo.
O médico que chefiou a alegada falsa campanha de vacinação contra a hepatite B foi mesmo detido pela polícia do Paquistão e tudo indica que ninguém na casa de Bin Laden abriu a porta.
O caso foi suficiente para pôr em causa anos de combate à poliomielite num país onde os extremistas islâmicos já diziam que estas campanhas eram apenas uma forma de esterilizar muçulmanos.
Os ataques às equipas de vacinação acabaram por gerar novos surtos de uma doença que estava quase erradicada do Paquistão.
Não é aliás por acaso que a Organização Mundial de Saúde identifica o Paquistão e o Afeganistão como a "última fronteira" no combate à poliomielite pois são os únicos países no mundo onde a doença continua a ser epidémica.
Em 2014 o Paquistão registou 306 casos de poliomielite, um novo máximo da última década, mas para 2016 o cenário é finalmente positivo.
À custa de muitas campanhas de vacinação (e mortes nas suas equipas), 2015 teve 'apenas' 74 casos de poliomielite nos dois países e as autoridades esperam conseguir acabar, em breve, com a doença.
Entretanto, em 2014, a Casa Branca anunciou que não voltará a usar uma campanha de vacinação como fachada numa operação secreta.