Um jogador que se ajoelhou durante o hino, uma condenação pública de Trump e uma marca desportiva assumidamente ativista.
Corpo do artigo
"Acredita em algo. Mesmo que isso signifique sacrificar tudo. Just do it". Foi com esta frase que a Nike incendiou não só as redes sociais, mas também os seus próprios produtos.
Tudo começou com a nova campanha da marca norte-americana, que celebra o 30º aniversário do slogan "Just Do It" e que que tem como protagonista Colin Kaepernick, um jogador de futebol americano. Kaepernick ficou conhecido por ter começado o célebre movimento de jogadores afro-americanos que se ajoelhavam durante o hino nacional americano, reproduzido antes dos jogos, como forma de protesto contra a injustiça racial e a violência policial.
1036695513251434498
O movimento foi alvo de duras críticas por parte dos conservadores norte-americanos e levou mesmo o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, a condenar as ações dos jogadores. "Eu vi Colin Kaepernick e achei horrível, e depois o movimento cresceu e cresceu e começou a alastrar-se e francamente a NFL devia tê-lo suspendido por um jogo e ele não teria feito aquilo outra vez", disse na altura à FOX News.
Certo é que Kaepernick chegou mesmo a acusar publicamente a NFL de o manter deliberadamente desempregado como forma de o castigar pela tomada de posição.
Agora, a Nike está a ser alvo de duras críticas nas redes sociais. O anúncio da marca está a ser visto como uma crítica à posição tomada por Trump e pelos conservadores norte-americanos, mas os especialistas da indústria desportiva garantem que esta é só mais uma prova do papel ativo da empresa nas questões raciais.
O próprio Donald Trump já reagiu, esta quarta-feira, no Twitter. O presidente norte-americano considera que a Nike vai ser "completamente destruída por raiva e boicotes" e critica ainda a NFL, dizendo que "vai continuar a ser difícil de ver enquanto não estiverem de pé para a BANDEIRA".
1037334510159966214
Esta tomada de posição da NIKE está a levar à destruição pública de vários produtos da marca, como forma de protesto contra a tomada de decisão da empresa. Nas redes sociais circulam imagens de produtos queimados, rasgados ou cortados como tomada de posição contra a visão da empresa.
1036749717206691840
1036751396002050050
Há outros atletas envolvidos nesta campanha da Nike, como são os casos da tenista Serena Williams, o basquetebolista LeBron James, Odell Beckham Jr (outro jogador da NFL) e Shaquem Griffin, um recém-profissional cuja mão esquerda foi amputada. Serena Williams reagiu, alias, através do Twitter, declarando-se "orgulhosa" por pertencer à "família Nike".
1036769320196616198
Com o início da Liga de Futebol Americano (NFL), marcado para esta quinta-feira, a relação entre a organização do torneio e a Nike foi posta em causa, mas ambas as partes deram rapidamente a conhecer o estado da sua relação institucional. A Nike é a patrocinadora oficial dos equipamentos utilizados por todas as equipas, algo que não deve mudar, apesar desta polémica.
"A Nike tem uma relação duradoura com a NFL e trabalha proximamente com a liga em todas as campanhas que envolvam jogadores. Colin não está atualmente empregado por nenhuma das equipas, pelo que não tem qualquer obrigação contratual com a NFL", esclareceu a porta-voz da Nike Sandra Carreon-John.
Do lado da NFL, Jocelyn Moore, vice-presidente executiva da área de comunicação e relações públicas garantiu, numa declaração, que a liga "acredita no diálogo, compreensão e união".
Moore assegura que a NFL "abarca o papel e responsabilidade de todos os intervenientes do jogo de forma a promover mudanças positivas e significantes nas comunidades", pelo que "os assuntos de justiça social que Colin e outros atletas profissionais trouxeram à ribalta merecem a sua atenção e ação".
Fq2CvmgoO7I
Certo é que este assunto promete andar nas bocas do mundo durante os próximos dias. É que a Nike comprou espaço publicitário no intervalo do primeiro jogo da NFL e nele vai estrear a versão completa do anúncio narrado por Kaepernick.