Como evitar a fúria do presidente dos EUA? O estratega japonês que se tornou confidente de Trump
Donald Trump vai ser recebido, em Tóquio, com toda a pompa e circunstância. Toda a visita foi desenhada para salientar os pontos fortes e não as fraquezas desta parceria. As divergências, no entanto, existem.
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Um banquete imperial, um jantar de Estado, lugares na primeira fila para uma competição de sumo e a visita ao maior navio de guerra japonês, estas são algumas das atividades programadas para a visita de estado de Donald Trump.
Os dois países mantêm, há décadas, um estreito relacionamento que se intensificou com Trump e Abe. Conta o Washington Post que, desde que o presidente norte-americano assumiu funções, os dois lideres já conversaram pelo menos 42 vezes pessoalmente ou ao telefone. Este é um nível de comunicação sem precedentes entre os principais dirigentes dos Estados Unidos e do Japão.
O primeiro-ministro japonês tem sido hábil na relação com o tempestuoso presidente norte-americano, mostrando-lhe os benefícios do bom relacionamento entre os dois países. Shinzo Abe sabe como é importante para Trump ser enaltecido e por isso tem dado um toque pessoal aos contactos entre os dois.
Esta abordagem permitiu ao Japão escapar praticamente incólume aos tweets polémicos de Donald Trump. Abe é o líder estrangeiro em quem Trump mais confia e tornou-se também num confidente nas questões do Pacífico.
Para esta visita Abe agendou uma partida de Golf, o desporto favorito de Trump. O presidente norte-americano vai poder também gabar-se de ser o primeiro líder mundial a encontrar-se com o Imperador Naruhito e a Imperatriz Masako. O encontro vai servir para mostrar o novo começo do Japão na era Reiwa. O cenário do banquete no Palácio imperial vai ser grandioso com tapetes vermelhos, flores, loiças com história e séculos de tradições reais. Tudo vai ser mobilizado para cimentar a relação entre Estados Unidos e Japão.
Toda a visita foi desenhada para salientar os pontos fortes e não as fraquezas desta parceria. As divergências, no entanto, existem. Os dois países estão em pleno processo de negociações para um novo acordo de comércio, com Trump a admitir impor novas tarifas aos carros e peças de automóveis fabricadas no Japão. O presidente americano adiou por seis meses a tomada de uma posição, evitando que este assunto se pudesse tornar num problema durante a visita.
Os responsáveis japoneses não acreditam que um entendimento possa ser alcançado durante estes quatro dias, mas acreditam que perante o conflito comercial com a China, os Estados Unidos vão ser mais brandos com os produtos japoneses.
A Coreia do Norte é outro dos temas que vai ser abordado entre Trump e Abe. O primeiro-ministro japonês vai continuar a lutar para que mude a noção de que Washington só se preocupa com os mísseis intercontinentais e não com os mísseis de curto alcance que podem alcançar o Japão.
Depois da visita, Donald Trump ficará mais uns dias para participar no G-20.