Dois meses depois do acidente com o avião das linhas aéreas etíopes, a empresa norte-americana ainda não conseguiu autorização para colocar os 737 Max de novo a voar. A Boeing vai acumulando prejuízos.
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A Boeing precisa de ver rapidamente levantada a proibição de voo, mas o processo pode ainda ser demorado.
A empresa aeronáutica norte-americana procura aprovação para o software que corrigiu os problemas detetados no sistema de Aumento de Características de Manobra, um novo sistema automático de estabilização criado para corrigir a posição do nariz do avião. O MCAS (sigla em inglês) está no centro das investigações sobre dois acidentes fatais - um com um avião indonésio, outro etíope.
A CNN conta que os especialistas em aviação têm duvidas de que os reguladores mundiais possam agir em conjunto para aprovar que o 737 Max volte a voar, porque subsistem duvidas sérias sobre o que levou a Agência Federal de Aviação (FAA) norte-americana a acelerar o processo de certificação do modelo. Mesmo que a FAA autorize o regresso aos céus, as agências dos outros países podem não fazer o mesmo.
Autoridades de nove países estiveram recentemente reunidas em Seattle para analisarem o caso do 737 Max. O grupo técnico é liderado por Chris Hart, antigo presidente do National Transportation Safety Board, que é um organismo independente da FAA. Hart disse à CNN que "não está nada confiante" de que os países possam aprovar unanimemente e simultaneamente o regresso do 737 Max ao serviço.
Até agora, quando a Agência Federal de Aviação norte-americana proibia um avião de voar ou dava luz verde para o regresso à normalidade, os reguladores de todo o mundo faziam o mesmo. Foi o que aconteceu em 2013, quando os voos do Boeing 787 Dreamliner foram suspensos depois de as baterias de lítio terem causado alguns incêndios. Desta vez, no entanto, os reguladores estrangeiros perderam a confiança no parceiro norte-americano. O processo rápido de certificação está a ser investigado pelo Congresso e pelo Departamento dos Transportes.
Se os reguladores internacionais não concordarem em acabar com a proibição ao 737 Max, a decisão vai aumentar os custos para a Boeing. Mais de 80% dos 737 Max são de companhias aéreas estrangeiras.
Com o cancelamento de quase 5 mil encomendas, com os custos de armazenamento dos aparelhos que continuam a ser fabricados, a somar aos prováveis pedidos de indemnizações por parte das companhias aéreas, e ainda os mil milhões de dólares gastos no software para corrigir os problemas, a Boeing enfrenta um impacto significativo nas contas. Neste momento, 375 aparelhos estão impedidos de realizar viagens e as indemnizações podem chegar aos cem milhões de euros por cada um.
Nos primeiros três meses deste ano os lucros da aeronáutica já caíram 13%, comparados com o mesmo período do ano passado.