A semana arranca com as eleições do Brasil no topo da agenda noticiosa. Por todo o mundo, as páginas - físicas e virtuais - dos jornais enchem-se de análises e projeções.
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As páginas dos órgãos de comunicação de todo o mundo vestem-se, esta segunda-feira, de verde e amarelo. A atualidade está marcada pela vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais do Brasil e as análises sobre as causas e as consequências desta escolha multiplicam-se.
O The Guardian explica que o Brasil parece seguir uma tendência evidente nas democracias de todo o mundo, "trocando as políticas de esperança por 'antipolítica' - a política da raiva, da rejeição e do desespero". O jornal britânico faz ainda uma análise sobre o que será o Governo de Bolsonaro.
A análise do The New York Times vai no mesmo sentido. O jornal descreve os brasileiros como um povo irritado com a crise económica do país, com a violência e com os escândalos de corrupção e que interpretou "a longa lista de comentários cáusticos" de Bolsonaro "como uma conversa direta e honesta de um homem disposto a dizer - e fazer - o que for necessário para provocar a mudança que os brasileiros desejam".
O El País fala num Ocidente "em chamas", equiparando a vitória de Bolsonaro a acontecimentos recentes como a eleição de Donald Trump e o Brexit, sinais de "um enorme mal-estar em relação ao sistema que governou as fortunas do Ocidente nas últimas décadas".
O jornal francês Le Monde descreve o novo Presidente do Brasil como "um defensor de inimigos imaginários", "nostálgico do regime militar, racista, paranoico, homofóbico e misógino".
A Folha de São Paulo faz uma análise do tipo de comunicação que o Brasil pode esperar, prevendo que o Presidente mantenha a "mentalidade de bunker" que adotou durante a campanha, afastando-se o mais possível do confronto de ideias e do contraditório. Exemplo disso são as declarações de Bolsonaro via Facebook, um meio que não permite o questionamento direto.
O Estadão explica o impacto que a eleição terá na Argentina, descrevendo a situação que o país vive como "um terramoto político". Em causa estão "uma série de temas que vão desde o futuro do Mercosul, com a possibilidade de volta às antigas hipóteses de conflitos que os dois países enfrentavam na década de 1970, passando pela incerteza sobre os acordos bilaterais em vigor, tais como os da indústria automobilística."