Oficialmente, Bruxelas e outras instituições recusaram-se a interferir na campanha, mas desde que Yanis Varoufakis anunciou ao Eurogrupo que as propostas de 26 de Junho seriam referendadas, as interferências multiplicaram-se.
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A porta bateu com estrondo, na reunião do Eurogrupo, no dia seguinte à convocatória do referendo. Os ministros não gostaram da decisão do governo grego, consideram tratar-se da rejeição da proposta, a última de todas, de pegar ou largar terá dito o presidente do Eurogrupo.
Pela primeira vez, o fórum dos ministros das Finanças da zona expulsou um dos membros com a convocatória de uma reunião a 18.
Um espetáculo lamentável que desagradou ao presidente da Comissão Europeia. Jean-Claude Juncker não se inibiu desta crítica ao Eurogrupo, mas virou as atenções para o referendo, reconfigurando uma pergunta que ainda não existia.
Para o presidente o que está em causa, na consulta aos gregos, é saber se dizem "sim" ou "não" à Europa e ao Euro, saber se querem ou não continuar a fazer parte da família europeia.
Percebendo o risco associado ao fim das negociações, Juncker deixou depois a porta entre aberta a futuras conversas.
No dia seguinte, o mundo assistiu, pela primeira vez, ao incumprimento de um país desenvolvido ao FMI, depois de uma última tentativa de acordo e de um novo pedido de financiamento oficial.
Desde então a Europa endureceu o tom e dramatiza nas consequências do referendo dizendo se vencer o "não", a posição negocial do governo grego será dramaticamente fraca, muito difícil, mas sem esconder que a vitória do "sim" não livrará o executivo de Atenas de duras negociações para o terceiro resgate.