Como travar a crise migratória? Trump aconselha rei de Espanha a construir um muro no Saara
Tudo indica que Trump tenha feito esta recomendação quando ao próprio rei Felipe de Espanha, durante a visita à Casa Branca, em junho deste ano. A revelação é feita agora pelo ministro dos Assuntos Exteriores espanhol.
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Que Donald Trump quer construir um muro para separar os Estados Unidos da América do México só será novidade para os mais desatentos. O que é novo é a ideia do Presidente dos EUA que dá a entender que todos os problemas com movimentos migratórios se resolvem com cimento e arame farpado.
Desta vez, o polémico chefe de Estado terá aconselhado o governo espanhol a construir um muro no deserto do Saara para travar a crise migratória, revela o jornal The Guardian, que cita o ministro dos Assuntos Exteriores espanhol, Josep Borrel.
Este governante trouxe o assunto a público durante um almoço em Madrid, declarações que foram confirmadas pelo seu gabinete e altamente ampliadas na imprensa espanhola nos últimos dias.
Durante a visita oficial dos reis de Espanha à Casa Branca, Trump terá ainda desvalorizado o ceticismo dos diplomatas espanhóis, que esclareceram que o Saara se estendia por quase cinco mil quilómetros: "A fronteira com o Saara não pode ser maior que a nossa fronteira com o México", terá dito o presidente dos EUA.
Como explica o diário britânico, um plano semelhante ao que Trump tem para o México seria difícil de implementar no Saara, uma vez que, para além da extensão do deserto, Espanha possui apenas dois pequenos enclaves no norte da África - Ceuta e Melilla - e tal muro teria que ser construído em território estrangeiro.
Tudo indica que Trump tenha feito esta recomendação quando Borrell acompanhou o rei Felipe e a rainha Letizia à Casa Branca em junho.
Espanha está a braços com uma crise migratória preocupante, com mais de 33 mil migrantes e refugiados a chegar ao país só este ano.
Recorde, por exemplo, que em junho deste ano, o governo espanhol aceitou acolher 629 refugiados do navio Aquarius, depois de Itália e Malta recusarem o pedido de desembarque.
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Na altura, o gabinete do líder do executivo espanhol sublinhou que não podia virar as costas a quem mais precisa: "É nosso dever ajudar a evitar uma catástrofe humanitária e oferecer um porto seguro para essas pessoas, cumprindo com as obrigações de Direito Internacional."