Concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera atinge valor recorde apesar da pandemia
Afinal, as medidas de restrição de movimentos e o abrandamento da produção não chegam para diminuir significativamente a poluição atmosférica.
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A concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera atingiu valores recordes em 2019 e não demonstra sinais de desaeração este ano, apesar das medidas de confinamento associadas à pandemia de Covid-19.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da Organização das Nações Unidas, o confinamento, a interrupção de viagens aéreas e outras medidas associadas à restrição de movimentos contribuíram para diminuir apenas ligeiramente as emissões de gases poluentes, como CO2 (dióxido de carbono).
Também o abrandamento da produção industrial não foi suficiente para reduzir as concentrações de gases com efeito de estufa, que contribuem para o aumento das temperaturas, subida do nível do mar e alterações climáticas mais extremas.
As conclusões preliminares do Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM revelam que as emissões diárias de CO2 só diminuíram 17% durante o principal período de confinamento a nível global.
A organização estima que o impacto anual da pandemia na emissão de gases poluentes corresponda apenas a uma redução de entre 4.2 e 7.5%, o que não é suficiente para reduzir as concentrações de CO2 na atmosfera.
"A queda nas emissões relacionada com os confinamentos é apenas uma pequeno ponto no gráfico de longo prazo", alertou o responsável pela OMM, Petteri Taalas, num comunicado citado pela AFP. "Precisamos de um achatar da curva sustentável."
Em 2019 a concentração atmosférica de CO2 foi de 410 ppm (partes por milhão), quando em 2018 foi de 407,8 ppm uma subida recorde segundo a OMM.
Este ano, as concentrações de CO2 continuarão a subir, embora a um ritmo ligeiramente reduzido, calcula a organização, não mais do que 0.23 ppm, quando a variação anual natural corresponde a 1.0 ppm.
"No curto prazo, o impacto dos confinamentos associados à Covid-19 não pode ser distinguido da variabilidade natural", pode ler-se no Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM.
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