"Condições para ser criança estão difíceis." Falta de escola é um dos principais desafios da Unicef
A Agência das Nações Unidas para as Crianças foi criada há 76 anos. A diretora executiva da Unicef Portugal, Beatriz Imperatori, olha para a data como uma oportunidade de reflexão: um dos maiores desafios é a ausência da escola.
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São tempos complicados os que o mundo atravessa e, nos dias que correm, o cenário é particularmente desafiante para as crianças, considera a diretora executiva da Unicef Portugal. Em declarações à TSF no Dia Internacional da Agência das Nações Unidas para as Crianças, Beatriz Imperatori afirma que "as condições para crescer, para ser criança, estão mais difíceis".
A redução das taxas de vacinação e o aumento do trabalho e do casamento infantis - as raparigas continuam a ser o grupo mais vulnerável entre as crianças - são problemas que se têm agravado nos últimos anos, diz Imperatori.
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A diretora executiva da Unicef Portugal chama a atenção, ainda, para o facto de "haver menos crianças na escola". As implicações são graves e transversais um pouco por todo o planeta.
"A escola não é só educação e aquisição de conhecimentos. A escola é, também, proteção. Para muitas crianças, a escola é alimentação, é poder ter acesso a um lugar seguro, a cuidados de saúde. Sem a escola, há uma parte fundamental e estruturante de todo o mundo da criança que desaparece", sublinha.
Depois de dois anos de pandemia de Covid-19, 2022 fica marcado pela guerra na Ucrânia. Beatriz Imperatori destaca as consequências globais do conflito.
"São situações extremamente graves. A guerra trouxe muita fome a toda a zona do Sahel, no norte de África. Não é só a questão de não termos energia, de não termos acesso a cereais, de não podermos entregar a estas crianças, mas é, de facto, toda a disrupção que esta guerra tem trazido", exemplifica a diretora executiva da Unicef Portugal.
Apesar do diagnóstico sombrio, na reflexão de Beatriz Imperatori há espaço também para uma convicção animadora: "É possível mudar esta realidade, temos tudo."
Para isso, diz, o "importante é a vontade". A vontade de contribuir para mudar a vida destas crianças, não só em dinheiro, mas "a capacidade de partilhar conhecimento, de criarmos redes e parcerias para que, de facto, no local - e perto das crianças - possamos mudar a vida delas e das suas famílias". No fundo, é essa a missão que a UNICEF procura desempenhar há 76 anos.