A polícia do Bangladesh lançou hoje gás lacrimogéneo e disparou balas de borracha sobre manifestantes que atacaram fábricas e destruíram veículos durante um protesto de trabalhadores têxteis.
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«A situação é bastante volátil. Centenas de milhares de trabalhadores juntaram-se aos protestos. Nós disparámos balas de borracha e gás lacrimogéneo para os dispersar», disse à AFP Asaduzzaman, um agente na sala de controlo da polícia.
Mustafizur Rahman, vice-diretor da polícia de Gazipur, disse que os trabalhadores atacaram fábricas, destruíram veículos e queimaram pneus nas estradas e tentaram incendiar lojas nas ruas por onde passaram em protesto.
«Eles estão a pedir a prisão e execução dos donos das fábricas e do edifício que se desmoronou em Savar», disse à AFP.
Pelo menos 273 pessoas morreram na sequência do colapso do edifício de oito andares na localidade de Savar, nos arredores de Daca.
Sobreviventes disseram que o edifício cedeu na terça-feira à noite, causando fissuras que levaram à retirada dos cerca de 3.000 trabalhadores das fábricas têxteis, mas que eles tinham sido mandados de volta para as linhas de produção.
Um canal de televisão local noticiou que os protestos se propagaram a vários bairros da capital, incluindo Mirpur, onde estão instaladas dezenas de fábricas de vestuário.
O colapso da fábrica ocorreu na quarta-feira de manhã, tornando-se o pior acidente industrial da história do Bangladesh e a mais recente tragédia no setor de vestuário daquele país, dando origem a críticas a marcas ocidentais que privilegiam o lucro em detrimento da segurança.
O Bangladesh é o segundo exportador mundial no setor de vestuário, a seguir à China. Em novembro de 2012, um incêndio numa fábrica têxtil fez 111 mortos.
A cadeia britânica Primark e a espanhola Mango assumiram ter unidades de produção têxtil no edifício que ruiu.