Mossos d'Esquadra dão conta de "barricadas com chamas" nas ruas da cidade de Barcelona.
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As ruas de várias cidades espanholas, como Barcelona, Madrid ou Girona são, esta quarta-feira, palco de confrontos violentos entre a polícia e manifestantes que protestam contra a detenção do rapper catalão Pablo Hasel, condenado a nove meses de prisão por mensagens enviadas na rede social Twitter em que fazia a glorificação do terrorismo e injuriava a monarquia.
Há registo de 14 detenções em Madrid, uma em Barcelona, três em Lleida e duas em Tarragona. Fonte das forças policiais catalãs adianta que os confrontos de hoje em Barcelona são "mais graves" do que os de ontem.
No Twitter, os Mossos d'Esquadra dão conta de "graves incidentes pela segunda noite consecutiva em Barcelona com barricadas com chamas" no Passeig de Gràcia e na Gran Via e denunciam também "atos de vandalismo em Girona", pedindo às pessoas que não se aproximem de zonas de conflito.
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A polícia pede também especial cuidado a quem circule na zona dos Jardinets de Gràcia e fala mesmo em "saques a lojas e queima de veículos".
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O jornal La Vanguardia adianta que o foco principal dos protestos é a plaza de Urquinaona, mas há manifestantes espalhados pelas ruas adjacentes. Há registo do uso de balas de foam por parte das autoridades.
Segundo os números da Guarda Urbana, são cerca de 2.200 os manifestantes naquela cidade, a protestar contra a prisão de Pablo Hasel, detido por injúrias à monarquia e glorificação do terrorismo, através das suas mensagens na rede social Twitter e letras das suas canções.
A concentração começou por volta das 19h00 e seguiu até à Praça da Catalunha e depois para a Praça Urquinaona, onde foram erguidas as primeiras barricadas e onde os Mossos d'Esquadra dispararam os primeiros projéteis viscoelásticos.
Os manifestantes entoaram 'slogans' como "liberdade Pablo Hasel" e "os Bourbons são ladrões", e exibiram faixas com a frase "morte ao estado fascista", pronunciada pelo 'rapper' no momento da sua detenção.
Noutra cidade, em Girona, os manifestantes queimaram caixotes com papel na Plaza Mercadal. Já em Tarragona, cortaram um troço da A-7 em direção a Valência.
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Na Porta do Sol, grupos de manifestantes ostentando cartazes com frases como "Liberdade Pablo Hasel. Amnistia total" ou "Pablo Hasel liberdade, fora a justiça franquista", arremessaram mobiliário urbano e outros objetos contra membros das Unidades de Intervenção da Polícia (UIP), que tiveram de recorrer a cargas policiais para tentar conter a violência. Há registo de nove feridos.
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Alguns dos manifestantes arrancaram pedras da calçada e atiraram-nas contra a polícia, que conseguiu encurralar os mais violentos num canto da praça, e acabou por fazer uso de balas de borracha e gás lacrimogéneo.
Os manifestantes incendiaram contentores, derrubaram as vedações que cortavam o acesso à boca do Metro, que está em obras, e atingiram os quiosques da praça com garrafas de vidro que os manifestantes atiraram à polícia.
Entretanto, os empregados das lojas da zona estão fechados nos estabelecimentos, que os manifestantes estão a tentar arrombar.
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Mais de 30 feridos na última noite. Manifestante perdeu um olho
Na última noite, quinze pessoas foram detidas e mais de 30 ficaram feridas, revelaram hoje as autoridades regionais desta comunidade autónoma espanhola.
Uma das jovens que ficou ferida nos protestos da última noite perdeu um olho, confirmaram fontes hospitalares aos meios de comunicação espanhóis. A manifestante, de 19 anos, está internada no Hospital Clínic de Barcelona, sofreu uma rutura do globo ocular e está em estado grave, mas não corre perigo.
Na capital da Catalunha (nordeste de Espanha), Barcelona, manifestantes encapuzados queimaram caixotes do lixo e atiraram objetos à polícia, tendo o mesmo tipo de protesto sido repetidos em Lleida, a cidade natal do músico e local onde tinha sido preso.
Pablo Hasél tornou-se um símbolo da liberdade de expressão em Espanha, depois de ter sido condenado por 'tweets' em que insultava as forças de ordem espanholas e atacavam a monarquia.
Na segunda-feira de manhã tinha-se barricado na Universidade de Lérida com um grupo de apoiantes, mas a polícia catalã fez uma intervenção na terça-feira para desalojar os barricados e levar Hasél para a prisão.
Os factos pelos quais o 'rapper' foi condenado remontam a 2014 e 2016, quando publicou uma canção no YouTube e dezenas de mensagens no Twitter, acusando as forças da ordem espanholas de tortura e homicídios.
Numa das mensagens, escreveu, ao lado de uma fotografia de Victoria Gómez, membro dos Grupos de Resistência Antifascista Primeiro de Outubro (GRAPO), uma organização considerada terrorista: "As manifestações são necessárias, mas não suficientes, apoiemos aqueles que foram mais longe".
Hasél também acusou o rei emérito Juan Carlos e o filho, o rei Felipe VI, de vários crimes, incluindo homicídio e desvio de fundos.
Na segunda-feira, o executivo espanhol prometeu "uma reforma" legislativa para que os "excessos verbais cometidos no âmbito de manifestações artísticas, culturais ou intelectuais" não sejam punidos criminalmente.