No dia em que se assinalam os 70 anos da fundação da República Popular da China, em Yau Ma tei, há relatos de disparos efetuados pela polícia, enquanto em Wong Tai Sin as autoridades recorreram a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.
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Um jovem manifestante foi atingido, esta manhã, no peito por uma bala disparada pela polícia de Hong Kong, segundo a imprensa local, numa tarde marcada pelo caos e violência na cidade, no Dia Nacional da China.
O incidente ocorreu em Tsuen Wan e o estudante foi transportado para o hospital para ser ser alvo de cirurgia, num dia em que se registaram dezenas de feridos e mais de meia centena de detenções, numa cidade onde é possível observar pequenos incêndios e um cenário de destruição do espaço publico e em alguns edifícios associados ao regime chinês.
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Em Yau Ma Tei, uma das zonas críticas onde se verificaram confrontos, agentes da polícia foram mais uma vez obrigados a disparar balas para o ar, depois de terem sido cercados e atacados por manifestantes.
A própria força de segurança anunciou às 17h10 (10h10 em Lisboa) que tinha iniciado operações para dispersar os manifestantes, que participavam em protestos ilegais, e de detenções em múltiplos distritos em Hong Kong.
A polícia de Hong Kong e manifestantes pró-democracia envolveram-se esta terça-feira em confrontos nos distritos mais próximos da fronteira com a China interior, noticiam os media locais, com as imagens dos incidentes a multiplicarem-se nas redes sociais.
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O maior protesto decorreu na ilha de Hong Kong e juntou dezenas de milhares de manifestantes, mas os episódios de violência ocorreram a norte do território, onde, com o fecho de 28 estações de metropolitano, a suspensão de autocarros e bloqueios de estradas efetuados pelas autoridades, muitos ficaram impedidos de participar na maior manifestação, que já tinha sido proibida pela polícia.
O centro da ilha de Hong Kong foi policiado durante toda a tarde, com um helicóptero a seguir o maior protesto e a polícia a posicionar-se ao longo do trajeto dos manifestantes, junto das estações encerradas ou estrategicamente nas passagens aéreas.
Apesar de a polícia ter proibido manifestações no dia nacional da China, multiplicaram-se os apelos para que a população de Hong Kong saísse de novo à rua para exigir reformas democráticas no território.
"Uma situação muito perigosa", avisou a polícia na véspera, afirmando que "os manifestantes radicais estão a aumentar o nível de violência (...) e estão cada vez mais envolvidos em atos de terrorismo".
Uma análise de risco que levou, de resto, a empresa que gere o metro em Hong Kong a anunciar esta manhã o encerramento de 28 estações, que têm sido vandalizadas ao longo destes quase quatro meses de protestos.
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O Governo de Hong Kong retirou já formalmente a polémica proposta de emendas à lei da extradição, na base da contestação social desde o início de junho.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
A transferência da soberania de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas".
Tal como acontece com Macau, para aquela região administrativa especial chinesa foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.
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