Consegue dizer em voz alta? Annegret Kramp-Karrenbauer, a mulher que sucede a Merkel
Foi a primeira mulher a liderar o parlamento regional do estado do Sarre e a quarta a governar um estado federado na Alemanha. Annegret Kramp-Karrenbauer tem um nome complicado, e um desafio ainda maior, devolver os bons resultados à CDU e, mais tarde, chegar a chanceler.
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Não foi a primeira vez que Kramp-Karrenbauer ganhou umas eleições. Aprendeu a fazê-lo no pequeno Estado federado do Sarre, junto à fronteira com França, quando passou a ocupar o cargo de primeira-ministra, em 2011. Voltou a vencer, em 2012, e novamente no ano passado, fintando as expectativas, quando todos davam a vitória ao SPD.
Abandonou o cargo em fevereiro, aceitando o convite de Angela Merkel para ser secretária-geral da União Democrata Cristã. O partido aceitou-a, na altura, com unanimidade. Agora foi preciso uma segunda volta para chegar à liderança do maior partido de direita alemão.
Cresceu numa família católica, na pequena cidade de Püttlingen, onde sempre viveu. Quis ser professora, aprendeu francês, perdeu a conta aos livros que leu e nunca quis faltar às aulas. Pelo meio fez-se fã dos AC/DC e de futebol.
Casou-se no mesmo dia em que começou a estudar direito e ciências políticas, em 1984. Tem três filhos e um marido que escolheu ficar em casa para que ela pudesse apostar na carreira política.
"Mini-Merkel"
Ocupou vários cargos políticos entrando, em 1999, no parlamento regional do Sarre, onde desempenhou várias funções, assumindo diversas pastas, da educação à cultura.
Aceita que lhe apontem as semelhanças, mas não acha graça à alcunha "mini-Merkel".
"Tenho 56 anos, criei, com o meu marido, três filhos, e há 18 anos tenho responsabilidades governativas. Não tenho nada de "mini". A um homem de 56 anos ninguém chamaria isso", chegou a dizer Annegret Kramp-Karrenbauer.
AKK já provou não ter medo de arriscar, de chorar, de rir à gargalhada, e de cantar, dançar e se disfarçar no Carnaval. Mais emotiva que Merkel, é apontada também como sendo mais conservadora em várias vertentes.
Apesar da continuidade apontada pelos analistas, o diário "Der Spiegel" escreve que com AKK "chega definitivamente o fim da CDU tal como a conhecemos, apesar de Kramp-Karrenbauer ser mais conservadora que os dois rivais juntos, Merz e Spahn".
O perfil mais conservador é apontado também pelos líderes dos partidos SPD e Verdes como a principal dificuldade para entendimentos futuros. Andrea Nahles, líder dos Partido Social Democrata da Alemanha sublinha mesmo ao diário Frankfurter Allgemeine que "ela é uma boa pessoa, com uma boa personalidade, mas um entendimento político será sempre mais complicado".
Depois de ter conquistado pouco mais de 51% dos votos no Congresso de Hamburgo, AKK tem a complexa missão de unir o partido e, talvez mais tarde, unir o país. O "New York Times" chegou mesmo a escrever que "não importa quem substitui Merkel" porque "a Alemanha está desfeita".