"Contra o aumento das rendas da habitação", Porta a Porta leva protesto a Bruxelas
No protesto, na capital belga, tiveram como objetivo chamar a atenção das autoridades europeias e do Governo em Portugal, apesar da crise política.
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O movimento Porta a Porta levou esta quarta-feira o protesto contra o preço da habitação até à capital europeia. Em Bruxelas, apresentaram os argumentos em forma de manifestação numa das praças da cidade, onde gritaram que o custo da habitação em Portugal está incomportável.
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Eram cerca de duas dezenas. Concentraram-se em frente ao Parlamento Europeu, onde montaram tendas de campismo, numa ação simbólica, contra o aumento da renda para habitação.
"A situação está calamitosa", lamentou André Escoval, porta-voz do movimento Porta a Porta, em declarações à TSF. "Todas as famílias estão muito sufocadas com o preço da habitação e, desse modo, ou os juros baixam ou é isto que nos aguarda em Portugal e é preciso tomar medidas desde já porque a situação é extremamente grave", lamentou.
"O que nós aqui viemos dizer é que se o Banco Central Europeu e as instituições europeias não baixarem as taxas de juros, as soluções que restam ao povo português é isto que está aqui atrás, é a tenda, é a rua", disse.
"O valor médio das prestações da casa, fruto do aumento dos juros no último ano, subiu 60% em Portugal. Hoje, a prestação média de uma casa em Portugal é 523 euros. Se falarmos do arrendamento, a prestação média são 680 euros e o salário mínimo nacional são 760 euros", lamentou.
"Nós passamos um mês inteiro a trabalhar para deixar o dinheiro todo do nosso trabalho ao senhorio e à banca daí os lucros descomunais que eles estão a ter. Não pode ser, têm que ser esses lucros a pagar a habitação", disse o representante do movimento, repetindo um dos slogans que gritaram em Bruxelas: "A habitação é para viver, não é para especular."
Neste protesto, na capital belga, tiveram como objetivo chamar a atenção das autoridades europeias, mas principalmente, - apesar da crise política -, do Governo em Portugal.
"É urgente tomar medidas e a situação política não pode servir para que elas não se tomem. Elas podem ser tomadas, elas precisam de ser tomadas desde já. Travar o aumento dos 7% nas rendas em 2024 que o Governo está a fazer de conta que não existe e que vai de facto acontecer", criticou André Escoval, vaticinado que assim "não pode ser, [e] é preciso tomar medidas desde já para reverter a situação".
Os ativistas do movimento Porta a Porta viajaram a convite do eurodeputado João Pimenta Lopes, do PCP. Pimenta Lopes considera urgente que sejam tomadas medidas, e pede a atuação do Governo.
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"São necessárias políticas concretas que revertam aquilo que é a decisão de manter as taxas de euro elevadas, 4,5% após 10 aumentos consecutivos do BCE, reverter esse caminho, mas é necessário mais", defendeu o eurodeputado em declarações aos jornalistas, exigindo que o Governo haja.
"No plano nacional seria possível, realmente ao Governo português, quer por intervenção junto das instituições da União Europeia, quer com medidas concretas, por exemplo, de colocar, como já propusemos também, esses lucros esmagadores, que foram anunciados ontem, 3,3 mil milhões de euros de lucros da banca, 12 milhões de euros por dia de lucro, mobilizar esses recursos no sentido de garantir que se possam aliviar o peso que o aumento das taxas de juro está a ter sobre as famílias", disse.
O deputado considerou que "no mercado do arrendamento" também deveriam ser criadas "medidas de proteção aos inquilinos", para "garantir a segurança ao fim e ao cabo de um direito à habitação e que não haja aumentos especulativos, ou seja, medidas de regulação do mercado".
Pimenta Lopes defende também que a "mobilização dos recursos, tantos que existem, seja do PRR, de outros fundos estruturais para investimento em habitação pública, que possibilite, de facto, alargar uma oferta que é muito reduzida em Portugal, quando comparado com outros países, e que contribua, dessa forma, para contrariar os efeitos especulativos no mercado imobiliário, seja na aquisição, seja no arrendamento e garantir habitação a preços acessíveis".