Convidados do poder em Angola: observadores portugueses para as eleições já chegaram
Estão já em Luanda os três observadores portugueses às eleições angolanas: Paulo Portas, José Luís Arnault e Carlos César. São convidados do MPLA ou do Presidente da República, mas prometem olhar para o escrutínio com olhos independentes.
Corpo do artigo
Tal como qualquer outro observador internacional, Paulo Portas e José Luís Arnault tiveram de passar, esta manhã, pelo processo de acreditação na Comissão Nacional Eleitoral, em Luanda. Por sinal, um processo bem mais rápido do que aquele que tem sido exigido aos jornalistas estrangeiros.
Os antigos ministros do PSD e do CDS/PP, com ligações profissionais a Angola, assumem que não estão aqui por serem imparciais: têm ligações pessoais a João Lourenço, nomeadamente de amizade, mas ambos prometem ter uma postura isenta enquanto observadores do ato eleitoral.
Paulo Portas explica que "era um convite irrecusável vindo do Presidente João Lourenço", tendo em conta a ligação histórica entre os dois países. Ainda assim, "o Presidente da República de Angola sabe que a minha postura é independente". Quanto à relação pessoal com o Presidente que também é candidato, responde lacónico que "se não formos nós, serão outros".
TSF\audio\2022\08\noticias\23\12_dora_pires_13h
Paulo Portas é conhecido em Luanda. Foi com José Luís Arnault dos raros portugueses a ter um lugar na cerimónia de tomada de posse de João Lourenço, quando este venceu as eleições de 2017. Também foi convidado para o congresso do MPLA. Depois de sair do governo, Paulo Portas lançou-se na carreira de consultor de negócios, nomeadamente da Mota-Engil com fortes ligações a Angola.
José Luís Arnault saiu do governo e regressou à advocacia. Agora advocacia de negócios. Também a empresa onde trabalha tem interesses de consultoria jurídica a entidades públicas e privadas em Angola.
Ao lado de Paulo Portas, foi questionado sobre o clima de suspeição que paira sobre o ato eleitoral de dia 24, mas estranhou a pergunta: "Não sei a que se refere. Estes são processos evolutivos, é natural que, aqui e ali, possa haver alguma dúvida, mas o que importa é que deram-se passos muito importantes na afirmação desta democracia."
