Gritos de choro, orações, desmaios e música marcaram este sábado a recepção, por milhares de pessoas, dos restos mortais do Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, na sua residência.
Corpo do artigo
Cerca de uma hora e meia depois de o avião presidencial do Senegal ter aterrado no aeroporto de Bissau, a urna, transportada em cortejo fúnebre até ao centro da capital guineense, chegou à residência familiar de Malam Bacai Sanhá, onde era aguardada por cerca de cinco mil pessoas, relata a Lusa.
A juntar a esta multidão, mais de 30 mil acompanharam o cortejo a partir do aeroporto, gritando "glória" ao longo de todo o percurso. Algumas pessoas foram ficando pelo caminho ao longo da dezena de quilómetros que separa o aeroporto ao centro da cidade, mas muitas foram até à casa, embora não podendo aproximar-se.
Quando o carro militar que transportou a urna chegou às imediações da sede da Presidência, a escassos metros da casa de Malam Bacai Sanhá, algumas pessoas, mulheres e jovens que aí se encontravam, desmaiaram de emoção.
Já às portas da residência onde Bacai Sanhá sempre viveu mesmo sendo chefe de Estado, os seguranças e os elementos do protocolo não podiam controlar por completo as pessoas que queriam tocar o caixão ou mesmo o carro onde os restos do Presidente se faziam transportar.
Os soldados que aí se encontravam ainda empunharam as armas para amedrontar os cidadãos, mas ninguém parecia ter medo. Viam-se muitas pessoas com t-shirts com a cara de Malam Bacai Sanhá e muitos cartazes e fotografias gigantes do Presidente.
No ambiente de emoção, desmaios e gritos, sobretudo de mulheres, um imã teve que subir para cima de um carro e de megafone em punho apelou às pessoas para se conterem, lembrando que o Presidente era um muçulmano. No Islão, o choro pelo defunto deve ser moderado.