Corpos nas ruas, na água, nos escombros. Líbia pede ajuda internacional para lidar com milhares de mortos
Autoridades confirmam mais de 5200 mortos mas estimam que número real ultrapasse as 20 mil vítimas mortais.
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As autoridades da cidade de Derna, a mais afetada pelas inundações devastadoras na Líbia, está a pedir à comunidade internacional que envie para o país sacos para cadáveres e equipas especializadas em recuperar corpos.
Por causa do elevado número de corpos nos escombros, nas ruas e na água, arrastados pelas marés até à costa, teme-se o surgimento de uma epidemia.
Os números mais recentes apontam para pelo menos 5200 mortos na sequência do ciclone Daniel, que provocou o colapso de duas barragens, mas estima-se que o número real supere as 20 mil vítimas mortais.
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A escassez de recursos está a obrigar socorristas e voluntários a retirar vítimas dos escombros com utensílios domésticos e a enterrá-las em valas comuns.
Os dois hospitais da cidade estão transformados em morgues, com corpos empilhados à porta e no chão, pelo que os habitantes de Derna apelam ainda à criação de um novo hospital de campanha.
O rebentamento das duas barragens, a poucos quilómetros de áreas habitadas, despejou milhões de litros de água nas ruas que destruíram tudo à sua passagem.
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Estima-se que 25% da cidade tenha desaparecido debaixo de água e mais de 30 mil pessoas ficaram desalojadas só em Derna, revelou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Segundo autarca de Derna, Abdulmenam al Gaizi, a manutenção da barragem da cidade - que rompeu pouco depois de outra localizada a montante ter cedido devido à pressão da água - não era realizada desde 2008 devido à crise política no país.
A Líbia está, há mais de uma década, dividida entre duas administrações rivais: uma no leste e outra no oeste, cada uma apoiada por diferentes milícias e governos estrangeiros.
A União Europeia anunciou esta quarta-feira o envio de ajuda de emergência e alimentos para a Líbia e também Espanha e Reino Unido divulgaram os seus apoios humanitários de um e 1,1 milhões de euros respetivamente.
A Turquia vai montar no local dois hospitais de campanha e o Egito centros de acolhimento para sobreviventes, enquanto a Jordânia fretou um avião com 11 milhões de toneladas de bens para os afetados.