Em declarações à TSF, o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental teme que a desflorestação e as queimadas deixem a Amazónia com consequências "irreversíveis".
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O Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental teme que o aumento da desflorestação e dos incêndios sejam "o princípio do fim da Amazónia". O presidente do instituto Carlos Bocuhy afirma que o impacto na floresta pode ser irreversível.
"A Amazónia entra num processo de irreversibilidade. Hoje temos 17% de desflorestamento na região amazónica. Se atingir os 25%, a Amazónia pode não se recuperar mais. Entra num processo de declínio e isso implica problemas climáticos", explica à TSF Carlos Bocuhy.
Hoje temos 17% de desflorestamento na região amazónica. Se atingir os 25%, a Amazónia pode não se recuperar mais
"Temos na região amazónica 20% de biodiversidade do planeta, das espécies de flora e de fauna, e isso significa que há enormes recursos genéticos nesse processo e cuja a destruição vai privar a humanidade da utilização dessa grande riqueza natural", alerta.
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A destruição vai privar a humanidade da utilização dessa grande riqueza natural
Questionado sobre os incêndios que consomem a floresta há vários dias, Carlos Bocuhy lembra que o Brasil não tem um corpo de bombeiros que seja capaz de enfrentar as queimadas.
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"Para combater um incêndio destas proporções, tem que ter um elemento importante: um grande corpo de combate florestal, que o Brasil ainda não desenvolveu de forma efetiva", diz o responsável, sublinhando que deve haver uma resposta coordenada a nível federal e estadual.
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O Presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental não tem dúvidas que o que está a acontecer na Amazónia é "um crime organizado".
"A origem das queimadas é criminosa, intencional, provocada para o aumento do negócio, principalmente da pecuária. É o que se chama de limpeza de pasto. Há um fogo que é colocado de forma intencional para provocar o desmatamento", acusa Carlos Bocuhy, garantindo que há provas que os incêndios foram "ateados de forma articulada, ordenada pelos proprietários das terras".
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A origem das queimadas é criminosa, intencional, provocada para o aumento do negócio, principalmente da pecuária
Carlos Bocuhy atribui responsabilidades neste caso ao Governo liderado por Jair Bolsonaro. "São dois tipos de responsabilidade: uma são as declarações do Presidente que estimulam essa prática criminosa. O segundo é a omissão da Presidência da República em tomar uma medida e iniciativa para coibir essa ação criminosa", conclui.
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