A corrente de solidariedade gerada tanto em Angola como em Portugal está a ajudar Luaty Beirão a suportar a greve de fome. A convicção é do amigo Pedro Coquenão que tem estado ao lado dele na clínica onde está internado.
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Pedro diz que a solidariedade que Luaty Beirão tem recebido "tem-lhe dado essa saúde, uma saúde menos tangível, que não é tão detectável em exames mas que é muito importante: a da solidariedade, a de reconhecimento de que a causa está a ser ouvida, não necessariamente pelas autoridades. Isso é que está a fazer a diferença".
Os amigos têm tentado convencê-lo a parar a greve de fome, "como é óbvio". Pedro Coquenão sublinha que "ele está cheio de cartas, está farto de receber mensagens, muitas delas são públicas". A luta de Luaty é para aguardar o julgamento em liberdade. O facto de haver agora uma data para o julgamento, diz o amigo também luso-angolano, não muda o essencial: "A questão é mesmo de aguardar em liberdade até ao julgamento. Pelo que o conheço e por aquilo que é apresentado nesta altura, isso não é uma questão"
Sobre se tem havido ou não intervenção por parte do governo português, Pedro Coquenão é pragmático: "Se há ou não um contacto formal das autoridades portuguesas, eu desconheço e sinceramente não é isso que me preocupa a mim nem à família". A luta de Luaty Beirão e dos outros 14 jovens detidos continua. Agora com julgamento marcado.
Entretanto, o livro que estes ativistas estavam a discutir quando foram presos vai ser editado em Portugal. Pedro Coquenão lançou a Bárbara Bulhosa, responsável pela Tinta da China, o desafio de o editar. "Da ditadura à democracia" é o nome do livro que até ao final do ano vai estar nas bancas. O escritor Gene Sharp cedeu os direitos de autor e as receitas das vendas do livro vão ser entregues às famílias dos 15 detidos. Pedro Coquenão diz que a ideia lhe surgiu apenas pelo simples facto do livro de que agora tanto se fala não poder ser encontrado à venda em Portugal.