Cortar barbatanas de tubarão e deitá-los ao mar para se afogarem. Atividade pratica-se diariamente
No Brasil, no canal Off - que pertence à rede Globo - acaba de estrear uma série de 14 episódios conduzida por uma aluna de doutoramento da Universidade do Algarve.
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O OFF é um canal por cabo que se dedica aos programas de desporto, aventura e natureza. Com estes documentários, Sofia Graça Aranha pretende dar a conhecer animais aquáticos, entre eles alguns que o homem considera bem perigosos, como o tubarão.
A bióloga está a fazer doutoramento em Ciências do Mar, com uma tese em que tenta perceber qual a melhor forma de aumentar a sobrevivência de certos tubarões e diminuir a sua pesca nas redes dos barcos pesqueiros.
Sofia Aranha, que pratica também mergulho, explorou os mares de cinco países: África do Sul, Austrália, Estados Unidos, Bahamas e México. "Mergulhei com os tubarões mais perigosos do mundo, como o tubarão branco, o tubarão tigre e o tubarão cabeça chata", conta.
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A intenção dos programas é demonstrar que o ser humano está a ser o verdadeiro predador. No mundo, um terço das espécies de tubarão estão ameaçadas de extinção.
"Todos os anos a gente mata mais de 100 milhões de tubarões", lamenta. Enquanto isso, em média, as "interações negativas" com o ser humano são cerca de 15 por ano, o que dá origem à morte de nove pessoas.
Por esse motivo, a ideia dos programas é demonstrar que o homem é o verdadeiro predador, colocando em risco a sobrevivência destas espécies.
https://www.facebook.com/watch/?v=622048995185013
Uma das atividades ilegais, mas que continua a ser praticada, é o chamado "finning". Trata-se de uma prática em que os pescadores cortam as barbatanas de tubarão, valiosas para o mercado asiático.
"O finning é responsável por 75% das mortes na pesca dos tubarões", esclarece a bióloga marinha. Depois de cortar as barbatanas os animais são atirados à água e, sem barbatanas para nadar, acabam por morrer afogados.
Há mais de 500 espécies de tubarões em todo o mundo e alguns bem pequenos e inofensivos.
"Hoje, mais do que nunca, temos urgência em tomar atitudes para reverter danos e impactos que causamos durante décadas e até mesmo séculos de negligência ambiental", sublinha. "Se até há pouco tempo atrás se acreditava que os recursos marinhos eram infinitos, hoje sabe-se que muitos estoques estão completamente esgotados e muitos estão ameaçados."
Planeado e gravado durante o seu mestrado na Universidade do Algarve, o programa "Ameaçados" retrata a importância destas espécies para o equilíbrio dos ecossistemas, colocando a nu o impacto da ação humana e da sobrepesca.