Primeiro-ministro português explica que acordo procurou três "equilíbrios".
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O primeiro-ministro português António Costa lamenta a "minoria de bloqueio" encontrada no seio do Conselho Europeu e destaca que os nomes indicados para os altos cargos europeus revelam um "esforço grande" em três dimensões: assegurar o "equilíbrio de género", o "equilíbrio entre diferentes regiões" e entre "diferentes famílias políticas".
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O Conselho Europeu indicou o nome da atual ministra alemã da Defesa, Ursula von der Leyen para presidir a Comissão Europeia. Para o Banco Central Europeu foi indicada Christine Lagarde.
Já o primeiro-ministro do Governo de gestão belga, Charles Michel, é o nome indicado para presidente do Conselho Europeu. O cargo de Alto Representante para a Política Externa é atribuído ao atual ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, Josep Borrell.
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Costa saúda a capacidade de tomada de decisão do Conselho Europeu "apesar das dificuldades", destacando ainda o insucesso de quem tentou "bloquear" a Europa. "Espero que este processo, que está só no início, tenha continuidade no Parlamento Europeu" e que os prazos previstos para a sua conclusão sejam cumpridos.
A "minoria de bloqueio"
Em conferência de imprensa, após a conclusão do Conselho Europeu, António Costa não se mostra preocupado com a não-obtenção de mais lugares socialistas na Europa, embora admita que "por duas vezes" estiveram fechados acordos que permitiam "um melhor resultado e, em particular, a presidência da Comissão".
"As divisões internas no PPE não permitiram que esses acordos se mantivessem válidos", lamenta o primeiro-ministro, falando de uma "minoria de bloqueio".
"Quando cinco estados-membros do PPE se juntam aos países de Visegrado e à Itália para bloquearem uma solução isso permite, efetivamente, que essa minoria de bloqueio se imponha" lamenta.
"A pior forma de combater as minorias de bloqueio é imitá-las; a melhor forma de as combater é, pelo contrário, garantir que as instituições europeias prosseguem o seu funcionamento, encontram respostas e que quem procurou bloquear não é premiado", explicou o primeiro-ministro, levantando o véu sobre as negociações.
O primeiro-ministro mostrou-se preocupado com a permeabilidade do Partido Popular Europeu "ao canto de sereia" de Matteo Salvini e do grupo de Visegrado, assumindo esperar que o compromisso hoje alcançado reforce Angela Merkel.
António Costa reconheceu que a dificuldade sentida pelos líderes do 28 para fechar a negociação sobre o 'pacote' das nomeações para os altos cargos da União Europeia "seguramente não é bom sinal", e revelou a sua apreensão com os efeitos do "canto de sereia" de Salvini, ministro do Interior de Itália, e do grupo constituído por Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia.
"O que acho que é verdadeiramente mais preocupante naquilo que aconteceu ao longo destes dias é constatar a fragmentação interna numa das grandes famílias políticas e a sua fragilidade e permeabilidade à pressão de minorias de bloqueio. Isso é mesmo o fator mais preocupante para o futuro da Europa. Espero que esta solução tenha, pelo menos, o mérito de reforçar quem nessa família política, ao longo de mais de uma década, tem assegurado a capacidade de ser um motor positivo na construção do projeto europeu", disse, referindo-se à chanceler alemã, Angela Merkel.
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