Primeiro-ministro português ressalvou que é necessário "aguardar pelos resultados finais" das eleições.
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António Costa admitiu em Bruxelas, que a "confirmarem-se os resultados que garantam uma saída ordenada", a noite eleitoral no Reino Unido, pode até representar "um alívio" no dossier do Brexit.
"Tendo que haver Brexit, que seja um Brexit devidamente negociado, acordado [e] preparado", afirmou o primeiro-ministro, considerando que, nesse sentido, "é claro que é um alívio", porque de outra forma, teria "consequências, quer para os direitos dos cidadãos, quer para as empresas", e isso "seria extremamente negativo".
O primeiro-ministro não arrisca a dizer que, a partir de agora seja possível que haja uma saída antes do dia 31 de janeiro, pois "depende de vários fatores", não só internos, mas também, a nível europeu, com a necessária aprovação final do acordo de saída, no Parlamento Europeu.
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"Agora vamos aguardar pelo resultado final das eleições e vamos ver se o novo Parlamento aprova finalmente o acordo. Como se sabe, este é o quarto acordo que a União Europeia negoceia com o Reino Unido. Portanto espero que a quarta seja de vez", ironizou.
Um elefante chamado Brexit
A urgência climática deu ontem nas vistas em Bruxelas, com uma ação de protesto dos ativistas Greenpeace, no dia em que Ursula von der Leyen apresentou no Conselho Europeu, o seu plano de combate ao aquecimento global. Mas, houve um tema que sempre pairou sobre o encontro, e que ninguém quis falar sem que houvesse resultados.
Sem estar na agenda oficial, o Brexit foi um tema sempre presente, com a cadeira vazia de Boris Johnson, que anunciou nas vésperas que não viria à cimeira, em dia de eleições no Reino Unido, nas quais o primeiro-ministro britânico procura uma maioria, que lhe garanta apoio no Parlamento, para efetivar a saída do Reino Unido da União Europeia.
Mas, em Bruxelas, quem comentou o assunto, classificou-o como "um tema nacional", sobre o qual, alguns chefes de Estado ou de Governo nem tinham opinião, como era o caso da primeira-ministra Dinamarquesa, Mette Frederiksen.
"No Brexit, nem tenho uma opinião. Sobre as eleições no Reino Unido que estão a acontecer hoje, é uma questão nacional", afirmou à entrada para a cimeira, admitindo que "se for possível chegar a um acordo sobre o Brexit após as eleições, do ponto de vista da Dinamarca, realmente precisamos seguir em frente, uma vez que há outras questões, na Europa, que o Brexit as está a ofuscar.
Outros repetiram-se, dizendo o Brexit "deve ser organizado de maneira ordenada", e o período de transição "utilizado para obter o melhor acordo possível para todos, inclusive para a Europa", como afirmou a primeira-ministra belga, Sophie Wilmès.
O primeiro ministro da Letónia, Arturs Kariņš considerou igualmente que o momento eleitoral no Reino Unido é "assunto interno", sobre o qual "não é possível fazer comentários".
"Nosso objetivo é ter um ótimo relacionamento com Reino Unido, que é um importante parceiro comercial e de segurança. Após o Brexit, é importante perceber bem como lidar com os assuntos comerciais e da segurança. Somos um forte parceiro da Grã-Bretanha, estejam eles na UE ou não", afirmou, escusando-se a fazer comentários sobre as eleições, ainda antes de serem conhecidos os resultados.
UE ainda não conseguiu fechar metas climáticas
Os trabalhos da cimeira prolongaram-se até de madrugada, para discutir as metas climáticas, propostas por Ursula von der Leyen no seu pacto para o combate ao aquecimento global. Recorde-se que, na véspera da cimeira, a presidente da Comissão Europeia apresentou um pacote de 50 medidas, com vista a reduzir para metade as emissões poluentes, até 2030, para que o continente seja ambientalmente neutro, em 2050.
Ao que a TSF apurou, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki opôs-se às datas fixadas para atingir os objetivos, tendo chegado a apontar para 2070, como uma possibilidade para a Polónia se comprometer com a neutralidade carbónica.
Nas conclusões da cimeira, todos concordaram, finalmente, com as metas propostas pela Comissão, mas "houve um país, que assumiu não estar em condições de atingir a neutralidade carbónica em 2050", comentou António Costa, sem afirmar que esse país é a Polónia, como a TSF confirmou, junto de fonte europeia.
"Eu diria que nós podíamos dizer que temos boas razões para estar 90 por cento satisfeitos, visto que 26 dos 27 Estados-Membros assumiram o compromisso de atingir neutralidade de carbono até 2050", afirmou consta, lembrando que "Portugal tinha sido o primeiro país do mundo a assumir este compromisso".
"Visto que há ainda um país que não se sente em condições de assumir, para já, este compromisso, voltaremos a discutir a questão em junho, para saber se este país também já está em condições de assumir esse compromisso", afirmou Costa.
Proposta finlandesa rejeitada
O chefe do governo adiantou ainda que não houve qualquer discussão sobre a proposta finlandesa para o orçamento de longo prazo, foi "diplomaticamente morta" e o tema foi entregue ao presidente do Conselho Europeu, para ser discutida em cima do prazo, ao longo do próximo ano.
"Esta era a primeira boa notícia, que diplomaticamente foi morta a proposta finlandesa e, portanto, a discussão foi concluída em cinco minutos e ficou decidido que a partir de agora o presidente do Conselho Charles Michel irá ter reuniões bilaterais, com todos os Estados-Membros, para passarmos à negociação final do quadro financeiro plurianual e espero que seja uma negociação rápida porque é preciso evitar a todo custo que haja um grande atraso na aprovação do novo quadro".