O primeiro-ministro jantou esta segunda-feira com a futura presidente do executivo de Bruxelas, em Estrasburgo.
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A dois dias da provável aprovação do colégio de comissários, no Parlamento Europeu, o primeiro-ministro português quer adiantar caminho e iniciar já a discussão da agenda da presidência portuguesa da União Europeia, com a futura presidente do executivo de Bruxelas. Mas, o encontro entre ambos serve também para estreitar relações.
"É essencial na Europa todos trabalharmos mais proximamente possível", afirmou o primeiro-ministro, consciente de que "as relações pessoais, são pessoais e transmissíveis" e, por essa razão, não saber se repetirá, com Ursula, a "relação muito especial", que teve com Juncker.
O relacionamento próximo do governo português, com o presidente cessante da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker desenvolveu-se "porventura, também muito fruto das circunstâncias, que felizmente não se repetem", afirmou António Costa, que assumiu funções no final de 2014, após a conclusão de um conturbado período de crise financeira, a que se seguiu uma série de ameaças de sanções a Portugal, na sequência de um procedimento do défice excessivo.
"Mas, espero com o presidente Von der Leyen ter uma relação mais próxima possível e de grande colaboração mútua", disse António Costa, aos correspondentes portugueses, frisando que "até agora todos os contactos mantidos, [com a presidente eleita] têm sido positivos".
"Acho que o facto de termos marcado este jantar para hoje, na semana em que esperemos que a comissão seja finalmente eleita aqui no Parlamento Europeu, não deixa de ter o significado que tem", afirmou o primeiro-ministro, referindo-se também à votação do colégio de comissários, que está agendada para esta quarta-feira.
À margem do encontro com a presidente eleita da Comissão Europeia, o primeiro-ministro iniciou um conjunto de reuniões com o líderes dos grupos parlamentares, a pensar também na agenda da presidência portuguesa da União Europeia.
"Daqui a um ano estaremos para começar a nossa presidência e é muito importante, desde já, podermos, em conjunto, com o Parlamento Europeu, e também com a Comissão, escolher os temas, para ver qual é o calendário do programa do programa legislativo", apontou, lembrando que "experiências anteriores presidências sempre nos indicaram que uma relação muito próxima com o Parlamento Europeu era decisiva e por isso esta oportunidade para poder ouvir os líderes dos diferentes grupos".
Os encontros visam também uma abordagem sobre "outros temas mais atuais do que a nossa presidência, como a construção do próximo quadro financeiro plurianual que está a entrar numa fase que tem que ser decisiva, para termos uma conclusão"
"A posição do Parlamento Europeu, como sabemos, é muito positiva muito ambiciosa, de reforçar significativamente os recursos financeiros do próximo orçamento e com uma posição muito coincidente com a Portuguesa", vincou António Costa que tem vindo a defender o aumento das contribuições para o Orçamento de Longo Prazo, para 1,16% do Rendimento Nacional Bruto. Ao passo que o Parlamento Europeu defende 1,3%.
Já a proposta da Comissão Europeia aponta para um reforço das contribuições para 1,1% do Rendimento Nacional Bruto dos países. Mas, no Conselho Europeu alguns Estados defendem que a saída do Reino Unido não deveria ser compensada por qualquer aumento.
"A nossa ideia é que temos que nos aproximar do Parlamento Europeu. Podemos ter uma solução final que abra posições razoáveis. Tenho falado de 1,16% que resulta uma conta simples: é manter o mesmo esforço percentual que cada Estado membro já aceitou há sete anos atrás, descontando a participação do Reino Unido", defendeu.
"Isto permitiria assumir uma dotação financeira compatível com as novas ambições que a Europa tem em matéria de investigação e desenvolvimento, em matéria de política migratória, em matéria de política das relações com o continente africano, sem sacrificar a política de coesão e sem sacrificar a política agrícola e em particular sem sacrificar o segundo pilar da Política Agrícola", frisou.
Esta terça-feira, António Costa continua a sua ronda de contactos, em Estrasburgo, tendo um encontro previsto com o presidente do Parlamento Europeu, David Maria Sassoli.