TV Globo fala em 37 palavrões durante uma reunião de duas horas.
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O vídeo da reunião do governo de Jair Bolsonaro divulgado na noite de sexta-feira por decisão de um juiz do Supremo Tribunal Federal gerou reações fortes nos editoriais dos principais jornais do Brasil e da generalidade da classe política.
"Criminoso", "imoral", inconcebível", "moralmente miserável", "conversa de malandros em botequim", "encontro de milicianos" foram algumas das palavras usadas para descrever a reunião de Bolsonaro com os ministros.
Miséria moral" e "falta de preocupação total com a pandemia", escrevem os editorialistas do jornal O Globo.
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Os do jornal O Estado de S. Paulo resumem a reunião "a inacreditável".
No jornal Folha de S. Paulo sublinha-se que o presidente se abstém de falar sobre macroeconomia e se detém em temas como "taxímetros, cocó petrificado e o formato das tomadas no Brasil".
Segundo contabilidade de TV Globo foram 37 palavrões em duas horas de reunião, 29 dos quais proferidos pelo chefe de estado.
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Em relação ao que se pretendia apurar, se o presidente naquele encontro de 22 de abril quis interferir no comando da polícia federal, como acusou Sergio Moro na hora da demissão, o ministro da justiça afirma que a reunião confirma as suas declarações.
"A verdade foi dita, exposta em vídeo, mensagens, depoimentos e comprovada por factos posteriores", disse Moro.
Dada como provada a interferência, Bolsonaro, que já mudou mesmo a estrutura da polícia, pode responder por crimes comuns ou por crimes de responsabilidade e, com isso, sofrer impeachment.
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Para João Doria, governador de São Paulo chamado de "bosta" pelo presidente, "o Brasil está atónito com os palavrões, ofensas e ataques a governadores, a prefeitos, a parlamentares e a juízes do supremo".
Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro chamado de "estrume", diz que "Bolsonaro tenta calar a boca da democracia".
Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores derrotado por Bolsonaro na presidencial de 2018, disse que ficou provado que o presidente quer que a polícia federal faça segurança de filho e de amigo. "Do nível do governo, nem vou falar, sem condições".
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Por outro lado, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, reagiu citando parte do hino do Brasil.
Olavo de Carvalho, o filósofo que é o guru de Bolsonaro, chamou-o de "presidente dos sonhos".
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