"A Europa já conheceu outras crises" admite o chefe da diplomacia francesa que considera contudo que a crise dos refugiados coloca em causa "o funcionamento e razão de ser da Europa".
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A afirmação surge numa entrevista a vários jornais e na véspera de uma cimeira extraordinária da União Europeia.
"A Europa já conheceu outras crises. Mas isso, de certa forma, é a sua razão de ser e é o seu próprio funcionamento que está em causa", declarou Laurent Fabius ao jornal francês Le Figaro, ao suíço La Tribune de Genève, ao espanhol El País, ao italiano La Repubblica e ao belga Le Soir.
Os ministros do Interior europeus reúnem-se hoje para tentar chegar a um acordo sobre a distribuição dos 120.000 refugiados, antes de uma cimeira europeia na quarta-feira entre os chefes de Estado e do Governo sobre esta questão.
"É uma ilusão acreditar que todos vão ter as suas fronteiras nacionais restabelecidas. Mas é preciso ter a honestidade para dizer que, além da solidariedade necessária para com os refugiados, não podemos ter as portas abertas a todos os migrantes económicos. Se não, o que se vai passar? Um caos, uma desintegração, uma extremização, incluindo de espíritos, de consequências pesadas para a Europa em todos os planos", estimou.
Nas entrevistas, Laurent Fabius deu o exemplo do referendo britânico: "Como vai decorrer, no próximo ano, se a questão dos refugiados não estiver resolvida?"
"Não é através de egoísmo nacional que chegaremos lá", ressalvou, pedindo o estabelecimento de "centros de acolhimento e identificação dos refugiados nos países de primeira entrada", a organização de um "sistema de distribuição equitativo" e ajuda aos "países de fora da União que estão na primeira linha", como a Jordânia, a Turquia e o Líbano.