Neide Rossi afinal ainda está a recuperar no hospital. Quem morreu foi Neide Basso. Estabelecimento admite “inconsistência” na comunicação
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Odete Oliveira dos Santos chegou ao velório de Neide Rossi e olhou o corpo da amiga. Olhou outra vez. E mais uma. E apanhou um susto. Não era Neide Rossi, amiga de anos, quem estava ali no caixão a ser velada e pronta a ser enterrada.
Familiares, amigos e vizinhos avisaram então o funcionário da funerária que conferiu o atestado de óbito e demais documentação: a falecida era Neide Basso, moradora no Pontal – e não Neide Rossi, moradora em Cravinhos, ambas as localidades no estado de São Paulo.
Na verdade, Neide Rossi, a senhora que reuniu familiares, amigos e vizinhos no seu velório, está viva, aos 73 anos, a recuperar de uma pneumonia no Hospital da Santa Casa de Cravinhos.
Já Neide Basso, 81 anos, internada no mesmo estabelecimento hospitalar por causa de uma infeção urinária, é que faleceu.
“Eu só conferi o nome Neide”, admite o motorista da funerária, Gilberto Boldrin, que empurra a culpa para a própria Santa Casa.
Do lado da família Rossi, há uma indignação forte por terem estado a velar a pessoa errada e por terem vivido a aflição e tristeza da morte de uma familiar, afinal de contas vivíssima.
Já do lado da família Basso, uma indignação muito maior. Afinal, à mesma hora em que a mãe, irmã e amiga já estava num caixão a ser velada pelas pessoas erradas, eles estavam na Santa Casa preparados para efetuar uma visita.
Daniel, irmão da falecida, estava a caminho do hospital quando o sobrinho, já no local, o informou do óbito. “Pensei que tivesse morrido por aqueles instantes, mas não, o meu sobrinho disse-me que tinha sido na véspera.”
“É um absurdo, um descaso, uma falta de profissionalismo”, acusa a família Basso – e a Rossi também.
A instituição admite “inconsistência” na comunicação, presta “solidariedade” às famílias, dispõe-se a “dar acolhimento” a ambas e garantiu “a abertura de um inquérito”, mas não se vai livrar de dois processos.
