Débora viu vídeo de um menino, filho de Maria Aparecida, que era a cara de um dos seus gémeos. Exame de ADN provou troca e médico responsável está na mira dos tribunais
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O casal de agricultores Débora e Suelson, de São Sebastião, localidade perdida do sertão de Alagoas, tiveram de ir a correr para a maternidade da vizinha Arapiraca quando ela, ao oitavo mês de gravidez, desenvolveu tensão alta. Lá nasceram os gémeos Guilherme e Gabriel a 21 de fevereiro de 2022. Mas só em março, depois de umas semaninhas a ganharem peso e saúde e isolados até dos pais por causa da Covid, foram para casa.
A vida do casal e dos gémeos, bivitelinos, bem diferentes um do outro, decorria tranquila até uma amiga da mãe lhe enviar um vídeo publicado por Maria Aparecida, outra jovem mãe, de Craíbas, cidadezinha próxima de São Sebastião. “Olha”, disse a amiga, “como o filho dessa moça aí no vídeo é a cara do seu Gabriel”.
Débora teve mesmo de enviar uma mensagem geral aos amigos a dizer que não, que a criança que fazia gracinhas naquele vídeo não era o seu filho.
Mas, emocionada, quis conhecer Maria Aparecida e o filho dela, de nome Bernardo. Foi quando soube que, na mesma época do nascimento dos gémeos, também Bernardo, prematuro, ficou aos cuidados da maternidade mais uns dias.
Foi então que ambas, Débora e Maria Aparecida, decidiram fazer um teste de ADN que provou o que suspeitavam: Gabriel e Bernardo são filhos gémeos da primeira e Guilherme, filho único da segunda.
Agora, ambas afirmam que o mundo delas caiu.
Débora quer ter a guarda de Bernardo, mas sem abdicar de Guilherme e Maria Aparecida a guarda de Guilherme sem abdicar de Bernardo num dramático imbróglio.
A polícia está a investigar o caso e a administração regional do Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, onde os partos foram feitos, a colaborar com as autoridades, embora o médico obstetra responsável pela troca - e já a responder a uma ação em tribunal - não fale à imprensa.
