Crónica Acontece no Brasil. Médico descobre ser adotado e encontra pais biológicos
João Dias, que procurava obter cidadania portuguesa, ao vasculhar certidões e outros documentos percebeu que viveu 28 anos com família adotiva
Corpo do artigo
Como muitos brasileiros, João Dias, jovem médico de 28 anos, buscava obter dupla nacionalidade europeia via ancestralidade, no caso, portuguesa. Mas ao remexer os documentos percebeu que tinha sido adotado. Com ajuda, descobriu os pais biológicos.
Dias, que cresceu em Guarapuava, no interior do Paraná, soube via certidão de casamento dos pais que a mãe era divorciada e nove anos mais velha do que afirmava, o que acendeu o alerta. Pediu então um exame de ADN aos pais, que recusaram, e decidiu ir a fundo nas investigações sobre a própria vida, conta ao programa Fantástico, da TV Globo.
Depois de uma tia lhe contar que, de facto, ele havia sido ilegalmente adotado, o médico comparou o seu material genético com 400 mil perfis e descobriu os bisavós, todos da família de origem alemã Mellmann, até um homem, de Novo Xingu, no Rio Grande do Sul, sugerir que poderia ser seu tio.
Feito o exame de ADN, a confirmação: estava descoberto o pai, de nome Giovani. Faltava a mãe, Lucinéia, que mora a 260 km da cidade do filho.
Giovani, casado, teve uma relação com Lucinéia, da qual nasceu João Dias. Como ela não tinha condições de arcar com os custos da criação, uma enfermeira tê-la-á coagido a entregá-la aos pais adotivos. “Senti que vendi o meu filho, senti-me nojenta a vida toda”, disse Lucinéia.
“Eu quero alterar o meu nome de família, infelizmente Dias tornou-se sinónimo de violência”, disse João que, porém, não quer mudar o nome próprio porque a mãe biológica disse-lhe que contava chamá-lo assim mesmo.
O advogado dos pais adotivos diz que eles nunca conheceram os pais biológicos ou a enfermeira em causa, que foram eles que deram amor e um lar à criança e que só nunca contaram a história para a proteger.
