Crónica de um português em Wuhan: Emprego e oportunidades de trabalho após "terramoto" epidémico
João Pedrosa decidiu ficar na cidade chinesa que foi o epicentro do novo coronavírus. Agora, escreve no site da TSF sobre o dia a dia em Wuhan.
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Na passada terça-feira, 21 de abril, foi realizada em Wuhan uma feira de emprego que contou a presença de mais de 7.000 candidatos.
280 empresas trouxeram para o evento cerca de 10.000 vagas e aproximadamente 3.500 pessoas assinaram contratos de trabalho.
O retorno deste tipo de feiras de emprego à cidade procura dar uma rápida resposta à necessária retoma do trabalho e tenta colmatar as perdas sofridas pelos seus residentes.
Wuhan já tinha realizado vários eventos online, mas este foi o primeiro presencial ("offline") desde que ocorreu o surto da epidemia.
Claro que a sua realização exigiu as já usuais medidas de segurança que vigoram em todos locais públicos da cidade. Os candidatos às oportunidades de trabalho foram obrigados a apresentar o seu código de saúde, usar máscaras e manter uma distancia de pelo menos 1,5 metros quando aguardavam nas filas dos stands de recrutamento.
Muitas empresas não resistiram ao "terramoto", abriram falência, e muitos foram aqueles que perderam o seu trabalho.
Mas também existem aquelas que ainda não conseguiram retomar as suas atividades e, consequentemente os seus empregados não estão a ter qualquer fonte de rendimento. Esta feira foi um boa oportunidade para encontrarem um trabalho de curta duração .
Segundo as autoridades locais a realização de mais feiras de emprego, online e offline, estão a ser organizadas - até final de junho próximo estão previstos a realização de 70 eventos deste género.
Num comunicado também divulgado nesta ultima terça-feira, o governo de Wuhan adotou um conjunto de medidas para ajudar os licenciados universitários a encontrarem empregos ou a criarem os seus próprios negócios.
As empresas estatais da cidade devem alocar pelo menos 60% da sua cota de emprego deste ano para recrutar novos graduados. As micro, pequenas e médias empresas podem obter um subsídio por cada licenciado que empregarem.
O governo chinês está também a oferecer incentivos às grandes empresas públicas, privadas e de alta tecnologia de forma a que possam contratar cerca de um quarto de milhão de pessoas com diplomas universitários.
Os centros de incubação de empresas serão alvo de compensações suplementares, se tiverem uma forte presença de recém-formados nos seus quadros.
A lista de apoios e" vasta e procura minimizar a devastação terrível que este "terramoto" epidémico causou e, que ainda continua a causar na vida das pessoas.
Mantenham-se seguros e saudáveis.
João Pedrosa em Wuhan (24 de Abril de 2020)