João Pedrosa decidiu ficar na cidade chinesa que foi o epicentro do novo coronavírus. Agora, escreve no site da TSF sobre o estranho dia a dia em Wuhan.
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Discretamente, o ardiloso Covid-19, sem querer saber de fronteiras, diferenças sociais, credos e crenças, culturas ou sistemas políticos, infiltrou-se diabolicamente nas nossas vidas e na vida de todo mundo.
Diz o povo que "não vale a pena chorar sobre o leite derramado". O importante agora é sabermos reagir e saber como o fazemos. Com o passado há que reter as lições aprendidas, pois não há nada melhor para se ganhar tempo e evitar erros futuros - não vale a pena tentar inventar o que já foi inventado.
Assim, acho que não deve ser subestimado o que foi feito pela China. É facto comprovado a criticidade deste matreiro vírus. A sua cadeia de disseminação é exponencial - cada infetado espalha-o por cerca de 2 ou 3 pessoas e, no final de alguns dias, aproximadamente 3.500 poderão estar afetadas.
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A cada dia que passa, vemos cada vez mais rapidamente o mundo a ficar ensombrado por esta nefasta epidemia. O que foi tentado fazer na China foi interromper o terrível ciclo, com um bloqueio gigantesco e que, até agora, nunca tinha sido registado nos anais da história.
A China impôs a maior quarentena de sempre. As fábricas foram fechadas, os transportes públicos suspensos e as pessoas ficaram dentro de casa. Isso evitou milhões de casos e dezenas de milhares de mortes.
A quarentena é violenta e extremamente limitativa, a todos níveis, para quem a vive. Mas o seu sucesso só resulta quando as pessoas o aceitam e colaboram.
O povo de Wuhan realizou-a de forma excecional. Reconheço bravura, audácia e determinação aos seus residentes para se fecharem em casa durante dias, semanas e meses.
A quarentena foi encarada como um dever cívico e, certamente, esse foi uma das chaves para o sucesso agora atingido. Já todos passámos a entender que ter pulso brando, ser negligente e encarar a situação duma forma relaxada está ter consequências devastadoras em muitas zonas do mundo.
Dói e custa, mas o inimigo invisível que temos pela frente é tremendo e não se pode baixar a guarda.
Mantenham-se seguros e saudáveis!