João Pedrosa decidiu ficar na cidade chinesa que foi o epicentro do novo coronavírus. Agora, escreve no site da TSF sobre o dia a dia em Wuhan.
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Como será a sobrevivência dos pequenos negócios após tão longos, inusuais e dramáticos períodos de quarentena?
Que lições se poderão aprender com aquilo que se esta a fazer na China e em Wuhan?
Já se passaram quase 15 dias desde que o bloqueio da cidade terminou.
A vida está a querer retornar lentamente à normalidade, mas ainda há muitas lojas que continuam de portas fechadas e, as que abriram, contam com poucos clientes.
"A pessoa mais importante em qualquer negócio é o cliente."
Não havendo clientes não há negocio.
Neste momento, creio que os clientes não estão a voltar às lojas por três razões:
Muitos deles ainda estão sujeitos a medidas de restrição e não podem sair dos seus bairros.
Outros, por considerarem que os riscos de contaminação ainda são elevados.
Mas creio que existem muitos que não o fazem por razões económicas.
Tal como o que tem vindo a suceder com outras cidades da China, Wuhan resolveu proceder à incentivação do consumo através de um esquema de oferta de "vouchers" aos seus residentes.
Desde o passado domingo que o governo municipal iniciou a emissão de tais "títulos de compra/desconto" num valor aproximado de 70 milhões de euros, através de aplicativos de telemóveis.
Os "vouchers" serão emitidos uma vez por semana até final do próximo mês de julho.
Muitos dos cupões poderão ser usados em lojas de vários setores tais como as de retalho ou restaurantes, mas também em locais culturais, desportivos ou turísticos.
Muitos dos beneficiários deste esquema e com maior percentagem de desconto, são as pessoas de baixo rendimentos.
Para além do governo, existem também empresas particulares a emitir os seus próprios "vouchers".
Foi publicado que no mês passado mais de 40 cidades tinham aderido a este esquema de incentivo, que supostamente alavancaram compras acima de 1,4 biliões de euros.
As estimativas apontam para que o valor do consumo seja dez a vinte vezes mais do que o valor emitido pelos "vouchers".
No lado da oferta há muitos empresários a lutar para sobreviver.
As pequenas e medias empresas são as principais forças geradoras de emprego.
O governo local tenta ajuda-las através de algumas medidas para reduzir ou isentar os seus gastos fixos, tais como arrendamentos ou impostos.
Os efeitos secundários desta pandemia são muitos e profundos.
As medicações mais adequadas para os combater não serão seguramente fáceis de encontrar ou adaptar.
Mantenham-se seguros e saudáveis.
João Pedrosa em Wuhan (21 de Abril de 2020)