João Pedrosa decidiu ficar na cidade chinesa que foi o epicentro do novo coronavírus. Agora, escreve no site da TSF sobre o dia a dia em Wuhan.
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A semana passada foi uma semana especial para mim.
Após aproximadamente dez semans de reclusão, consegui regressar à minha empresa e retomar a minha regular atividade profissional.
Mais de 90% dos meus colegas conseguiram fazer o mesmo.
Muitos daqueles que tinham saído da cidade antes do bloqueio, apesar das restrições, conseguiram voltar para ajudar a empresa a restabelecer quase toda a sua capacidade de produção.
Foi uma semana em que a cidade conheceu um rápido evoluir na liberação dos transportes públicos e privados.
As manhãs e finais de tarde das passadas quinta e sextas-feiras voltaram a presenciar alguns dos usais engarrafamentos de trânsito.
Tais costumam ser motivo para comentários de aborrecimento de alguns dos que trabalham comigo, mas ironicamente desta vez muitos mostravam-se contentes com a situação, afirmando mesmo, que era preferível estarem "presos" dentro do carro do que em casa.
Claro está que o cresceste movimento de pessoas está a trazer preocupações a muitos.
Embora mais de 6.000 comunidades de Wuhan serem consideradas livres de infeção, as autoridades continuam a mostrar receios.
Aos que queiram aceder aos bairros, supermercados, transportes, empresas ou outras entidades, para alem de terem de apresentar o seu código de saúde (via APP do telemóvel), também são sujeitos à medição da temperatura corporal.
Suplementarmente, as empresas efetuam duas vezes por período de trabalho, essa monitorização.
As autoridades de Wuhan estão a ponderar a realização de testes a todos seus residentes, mais de 11 milhões de pessoas, para identificar se existem casos assintomáticos da Covid-19.
Em meados da semana o numero registado destes casos, na província de Hubei, era cerca de 700.
Embora os estudos revelem que o impacto da propagação do coronavírus com assintomáticos seja baixo, o risco continua presente.
Muitas empresas já começaram a realizar testes a todos os seus colaboradores e familiares, como é o caso da minha.
Nesta luta contra tamanho inimigo, nada deve ser descurado.
Mantenham-se seguros e saudáveis!
João Pedrosa em Wuhan (5 de Abril de 2020)